NATUREZA EM VÁRZEA GRANDE: PROVOCAÇÕES PARA A CIDADE INDUSTRIAL

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Os índices de queimadas no Estado do Mato Grosso, nesses últimos meses ganhou grande publicidade nos principais meios de comunicação do país. Muito se dialogou na busca de responsáveis. Hora a culpa recaia aos aspectos do próprio ecossistema, por vezes já repousava no descaso do governo, bem como na ação de grupos econômicos nacionais e internacionais. Em Várzea Grande, a discussão não foi diferente, visto que por semanas respiramos grandes parcelas de fumaça.
Na esteira desse diálogo, chamo atenção para reflexão em torno da “Natureza”. De um modo ou outro, ideias de natureza perpassaram pelos vários comentários, notícias e informativos em torno da problemática. Diante desse fato, venho propor algumas inquietações: que é a Natureza? Qual nosso papel nela? Como fica a cidade industrial?
Natureza é objeto de análise de várias ciências, sendo muito diversa a maneira de a definirmos. Dentro dos estudos da Geografia, por exemplo, vários serão os autores que também estudam e produzem conhecimento em torno desse tema. Dentre esses autores, destaca-se estudos realizados por geógrafos importantes como Milton Santos (1926-2001) e Aziz Ab’Saber (1924-2012), que vão dialogar sobre as várias complexidades em torno do conceito “natureza”.
Os impactos das queimadas em Várzea Grande, podem inspirar a reflexão nas ideias de primeira e segunda natureza, expostas por Milton Santos e Ab’ Saber em seus vários textos e livros. Podemos entender a primeira natureza enquanto conjunto de relações que se estabelecem em nosso planeta, que são responsáveis pela distribuição da vida e das condições naturais de sobrevivência na Terra. A segunda natureza, é tudo aquilo que passou por transformações realizadas por seres humanos utilizando técnicas, tecnologias, conhecimentos e trabalho. Se caracteriza pelas transformações que decorrem da intervenção dos seres humanos.
Ao passo que a humanidade transforma o espaço em que vive, essas transformações também alteram essa mesma humanidade. Essa visão, pressupõe um sistema integrado e interdependente que nos cerca o tempo todo. Litosfera, Atmosfera, Hidrosfera e a Biosfera se equilibram para garantir existência e manutenção da vida, que se manifesta de variados modos biológicos, culturais, políticos e sociais. Élisée Reclus (1830-1905), grande geógrafo francês, em uma de suas principais obras defende que nós seres humanos, somos natureza com consciência de si, portanto não estamos separados do universo que nos cerca e compõe materialmente.
Se somos natureza com consciência e alteramos o espaço através de nossas ações (orientadas por razões e emoções), logo percebemos que é no debate político e democrático que está o caminho para buscarmos a resolução e minimizar os impactos gerados pelas queimadas em nosso município. Várzea Grande, necessita de políticas públicas que possibilitem melhoras qualitativas para as pessoas que vivem aqui. O momento de pensar essas políticas é agora, cada cidadão e cidadã de nosso município, podem protagonizar uma transformação positiva e propositiva para a mudança necessária.

                                                                                                 Jalme S. de Figueiredo Junior
1 Mestre em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) e professor de Geografia da educação básica do Estado do Mato Grosso, lotado na E.E. Profª Nadir de Oliveira em Várzea Grande. Rede social Instagran @profjalmejr.

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