O impacto dos riscos climáticos no bem-estar depende fundamentalmente da resiliência dos indivíduos e comunidades.
Equivocadamente, quando se trata de ação climática, as iniciativas de apoio aos governos subnacionais têm recebido muito menos atenção do que aquelas em nível nacional. No entanto, é no nível subnacional que as decisões sobre uso da terra são frequentemente tomadas e em uma escala mais próxima das comunidades que vivem nas florestas e dependem delas, especialmente as Comunidades Tradicionais.
Os Planos Municipais de Adaptação são importantes estratégias para reduzir os impactos das mudanças climáticas. São importantes porque ajudam a construir resiliência e a evitar danos no município. Eles podem: 1. Reduzir a vulnerabilidade do município aos impactos das mudanças climáticas; 2. Aumentar a resiliência do município; 3. Integrar a adaptação a programas e políticas vigentes no país e no mundo e; 4. Construir instrumentos para adaptar sistemas naturais, humanos, produtivos e de infraestrutura.
Os municípios devem elaborar seus Planos de Adaptação baseados em dados científicos sobre o clima, assim como de forma participativa e transparente considerando grupos, comunidades e ecossistemas vulneráveis, assim como conhecimento científico, tradicional e indígena (soluções baseadas na natureza). Integrando esta adaptação em políticas sociais, econômicas e ambientais no município para cada cidadão das zonas urbanas e rurais.
Segundo publicado pela Quinta Conferencia Nacional do Meio ambiente: “Em um estudo realizado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) destacou-se a necessidade urgente de uma transição na gestão ambiental do Brasil, de uma abordagem reativa para uma proativamente voltada à gestão de riscos. A análise que cobriu uma série histórica de 13 anos de dados climáticos, identificou que 1942 municípios brasileiros estão em situação de risco significativo devido a freqüência e intensidade dos eventos climáticos extremos. Esta pesquisa sublinha a importância de políticas que antecipem e reduzam os riscos, em vez de apenas responder aos desastres, especialmente em um contexto em que, já em 2024, o planeta ultrapassou o limite crítico de aumento de 1,5°C na temperatura global”.
Alguns exemplos de ações do Planos de Adaptação que município pode realizar: 1. Proteger seus ecossistemas vulneráveis; 2. Implementar práticas agrícolas sustentáveis; 3. Melhorar a infraestrutura urbana e rural para enfrentar eventos climáticos extremos; 4. Investir em infraestrutura resiliente; 5. Cuidar das nascentes e gerir a água de forma sustentável e; 6. Conservar florestas e beira de rios e córregos.
No entanto, alguns pontos adicionais podem ser considerados para enriquecer ainda mais a discussão com parcerias entre município e Estado, assim como implementar o ODS 17: Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.
- Relação com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): Importante conectar as discussões sobre mudanças climáticas com os ODS da ONU, destacando como ações em prol do clima se inter-relacionam com o desenvolvimento sustentável.
- Educação e Conscientização: Embora a educação ambiental seja mencionada em outro artigo meu, uma discussão mais aprofundada sobre como implementar programas de educação e conscientização em diferentes contextos (escolas, comunidades, empresas) seria extremamente benéfica.
- Inovação Tecnológica: Poderia haver uma maior ênfase nas inovações tecnológicas que podem contribuir para a mitigação das mudanças climáticas, como tecnologias de captura de carbono, soluções baseadas na natureza, e o papel da pesquisa e desenvolvimento em energias limpas.
- Economia Circular: Uma discussão sobre a economia circular e como ela pode ser aplicada para reduzir o desperdício e promover um consumo mais responsável é uma adição valiosa no Plano de Adaptação.
- Participação e Mobilização Social: Falar sobre a importância da mobilização social e como as comunidades podem se organizar para pressionar por mudanças políticas e práticas sustentáveis reforçam o papel ativo da sociedade civil na luta contra as mudanças climáticas.
- Políticas Públicas: Considerar exemplos específicos de políticas públicas bem-sucedidas em diferentes municípios e países que resultaram em melhorias significativas na redução de emissões ou na adaptação às mudanças climáticas ilustraria formas concretas de ação.
As diferentes culturas ao redor do mundo percebem e respondem às mudanças climáticas de maneiras que refletem suas tradições, valores, sistemas de crenças e contextos socioeconômicos. Com muitas culturas indígenas vendo a natureza como parte de um sistema interconectado. Essa cosmovisão leva a práticas de manejo sustentável e conservação que são fundamentais para a resiliência climática.
Vale ressaltar que as mudanças climáticas não são apenas um problema técnico, mas também um desafio social, econômico e principalmente ético.
Importante ressaltar que é a educação que permite que alunos de todas as idades abordem desafios globais interconectados, incluindo mudanças climáticas, perda da biodiversidade, uso insustentável dos recursos e desigualdade.
A Educação Climática é uma forma de conscientizar as pessoas sobre as mudanças climáticas e como elas podem contribuir para a mitigação dos seus efeitos. Ela capacita as pessoas com as habilidades, valores e atitudes necessárias para atuarem como agentes de mudança, assim como encoraja a modificação de atitudes e comportamentos. Também ajudar na adaptação às tendências vinculadas às mudanças climáticas e promove a construção de saberes e práticas capazes de renovar os padrões culturais.
Algumas ações individuais para combater as mudanças climáticas:
- Desligar aparelhos e lâmpadas que não estão sendo usados;
- Dar preferência ao uso de fontes de energia limpa e renováveis;
- Reduzir o consumo de combustíveis fósseis e seus derivados;
- Utilizar a bicicleta e procurar deixar o carro em casa.
Para conhecimento: Quando fui Secretário de Cidades do Governo do Estado de Mato Grosso eu ia ao trabalho e voltava de bicicleta durante alguns dias na semana (percorrendo cerca de 16 km por dia). E, além disso, reformei o banheiro da secretaria colocando um escaninho e chuveiro para que os funcionários e servidores públicos também pudessem utilizar a bicicleta como meio de deslocamento das suas casas para o trabalho. Como faz, por exemplo, o primeiro ministro da Holanda, Mark Rutte (abaixo).

Volto a dizer: Como aprendi ainda pequeno com meus amados e falecidos pais (Carlos Ricardo Chiletto e Yara Cairo Chiletto): “Palavras o vento as leva. Ação leva ao coração“. Além de sonhar com um mundo melhor para nossos filhos e netos… Precisamos AGIR.
Como já dito no artigo: Porque Devemos ter Consciência Ecológica (Parte 02), ser ambientalmente correto significa ter ATITUDES e promover ações que diretamente venham a contribuir de forma positiva com o meio ambiente.
Além disso, os governos podem ajudar os cidadãos fazendo parcerias: A Promessa Climática do PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, por meio de seu programa “Compromisso com o Impacto“, apoiou mais de 120 países no aprimoramento e na implementação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) no âmbito do Acordo de Paris. O “Compromisso com o Impacto” conta com o generoso apoio dos governos da Alemanha, Japão, Reino Unido, Suécia, Bélgica, Espanha, Islândia, Holanda, Portugal e outros principais contribuintes do PNUD. Este programa sustenta a contribuição do PNUD para a Parceria NDC – Contribuição Nacionalmente Determinada.
Oito fatores de sucesso:
- Parcerias complementares entre a sociedade civil e a administração pública;
- Foco na compreensão dos fatores específicos de desmatamento e degradação florestal em nível subnacional;
- Construção sobre uma base de políticas e programas estabelecidos para reduzir o desmatamento e a degradação florestal;
- Desenvolvimento de uma estrutura em nível estadual antes de promover projetos de carbono florestal;
- Forte envolvimento do governador do estado na agenda climática e florestal, incluindo a participação pessoal nas ações globais da Força-Tarefa do GCF – Fundo Verde para o Clima;
- Diálogo intersetorial e colaboração entre secretarias estaduais e agências de desenvolvimento regional;
- Envolvimento de secretários de estado e funcionários públicos na experimentação e inovação por meio de REDD+;
- Envolvimento de governo jurisdicional, incluindo municípios e distritos.
Mas como cada pessoa pode ajudar a combater o impacto das mudanças climáticas?
Cada pessoa pode contribuir para combater o impacto das mudanças climáticas através de ações individuais e coletivas que promovam a sustentabilidade e a redução das emissões de gases de efeito estufa:
- Educação e Conscientização: Informe-se sobre as mudanças climáticas e suas consequências. Compartilhe esse conhecimento com amigos e familiares para aumentar a conscientização sobre o problema;
- Reduzindo o Consumo de Energia: Adotando hábitos de economia de energia em casa, como desligar luzes e aparelhos eletrônicos quando não estiverem em uso, usar lâmpadas LED e aproveitar a luz natural sempre que possível;
- Utilizando Transporte Sustentável: Utilize transporte público, ande de bicicleta, caminhe ou compartilhe caronas sempre que possível. Se precisar usar um carro, opte por veículos mais eficientes em termos de combustível;
- Alimentação Consciente: Opte por alimentos locais e sazonais, e evite desperdícios alimentares. Planeje suas compras para utilizar os alimentos antes que estraguem;
- Reduzindo os Resíduos: Pratique a redução, reutilização e reciclagem. Evite produtos descartáveis, use sacolas reutilizáveis e opte por embalagens sustentáveis;
- Consumo Consciente: Faça compras com consciência, priorizando produtos de empresas que adotam práticas sustentáveis. Evite o consumo excessivo e escolha produtos duráveis;
- Uso de Energias Renováveis: Se possível, considere a instalação de painéis solares em sua casa ou escolha fornecedores de energia que utilizem fontes renováveis;
- Apoie as Iniciativas Locais: Participe ou apoie iniciativas comunitárias e projetos que promovam a sustentabilidade, como hortas comunitárias, limpeza de áreas verdes e programas de conservação;
- Ativismo e Pressão Política: Faça pressão sobre representantes políticos e empresas para que adotem políticas e práticas que combatam as mudanças climáticas. Assine petições e envolva-se em grupos de defesa ambiental;
- Conexão com a Natureza: Dedique tempo em áreas verdes, pratique o contato com a natureza e valorize a biodiversidade. Isso pode aumentar sua conscientização sobre a importância da conservação ambiental;
- Investimentos Sustentáveis: Se tiver a possibilidade, considere investir em empresas que priorizam a sustentabilidade e desenvolvem soluções para a crise climática.
Segundo o Secretário Geral da ONU, Antônio Guterres: “Precisamos de ações para combater a poluição, frear a perda da biodiversidade e fornecer o financiamento de que os países precisam para proteger o nosso planeta”.
Vale ressaltar que a mudança começa com pequenas ações individuais que, coletivamente, podem levar a uma transformação maior e mais abrangente. E volto a dizer: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer” (Geraldo Vandré: Para não dizer que não falei das flores).
Eduardo Cairo Chiletto
FONTE: https://eduardochiletto.blog/