Vacinação infantil bate recorde com pior nível em 11 anos, aponta OMS

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Vacinação infantil bate recorde com pior nível em 11 anos, aponta OMS
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Mesmo antes da pandemia, taxas de imunização infantil estagnaram em 86% no mundo
Pixabay

O Unicef (Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância) e a OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgaram, nesta quarta-feira (14), um relatório sobre vacinação infantil básica em 2020. Com a pandemia, cerca de 23 milhões de crianças no mundo deixaram de ser imunizadas por meio dos serviços de saúde de rotina no ano passado. É o pior número em 11 anos e é 3,7 milhões a mais do que em 2019.

Os dados sobre a imunização infantil é um dos primeiros que refletem como a covid-19 interrompeu as ações dos serviços de saúde geral. A queda da cobertura vacinal foi generalizada em 2020, mas as regiões do Sudeste Asiático (Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Singapura, Tailândia, Timor-Leste e Vietnã) e do Mediterrâneo Oriental (região do Levante, Anatólia, Grécia e Egito) foram as mais afetadas em todo o mundo.

O relatório aponta que até 17 milhões de crianças provavelmente não receberam uma única vacina durante o ano. A maioria dessas crianças vive em comunidades afetadas por conflitos, em locais remotos sem acesso a postos de saúde ou em ambientes informais, como favelas. Essas crianças enfrentam muitas privações, incluindo acesso limitado a serviços sociais e básicos de saúde.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, ressaltou que a falta de imunização de crianças é um retrocesso à saúde mundial. “Enquanto os países clamam para colocar as mãos nas vacinas covid-19, retrocedemos com outras vacinações, deixando as crianças em risco de doenças devastadoras, mas evitáveis, como sarampo, poliomielite e meningite. Vários surtos de doenças seriam catastróficos para as comunidades e sistemas de saúde que já lutam contra a covid, tornando mais urgente do que nunca investir na vacinação infantil e garantir que todas as crianças sejam alcançadas”, afirmou Adhanom.

Na comparação com 2019, 3,5 milhões de crianças perderam a primeira dose da vacina tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche), enquanto mais 3 milhões de crianças perderam primeira dose da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola). A Índia apresentou uma queda particularmente grande, com redução da cobertura da vacina tríplice viral de 91% para 85%.

Nas região das Américas, apenas 82% das crianças estão totalmente imunizadas com as vacinas combinadas tríplice e tetra viral, consideradas primeira e segunda dose contra o sarampo, caxbuma e rubéola, contra 91% em 2016.

Perigo de ressurgimento de doenças evitáveis

Mesmo antes da pandemia, as taxas globais de vacinação infantil contra difteria, tétano, coqueluche, sarampo e poliomielite estagnaram em cerca de 86%. Essa taxa está bem abaixo dos 95% recomendados pela OMS para proteção contra o sarampo e insuficiente para impedir outras doenças evitáveis pela vacina. O mundo vive o alto risco do ressurgimento ainda mais forte do sarampo, que, segundo o relatório, é a primeira enfermidade a ressurgir quando as crianças não são vacinadas, e de outras doenças que podem ser combatidas com a imunização. 

“A covid-19 e as interrupções relacionadas nos custaram um terreno valioso que não podemos perder e as consequências serão pagas nas vidas e no bem-estar dos mais vulneráveis. Mesmo antes da pandemia, havia sinais preocupantes de que estávamos começando a perder terreno na luta de imunizar crianças contra doenças infantis evitáveis, inclusive com os surtos generalizados de sarampo há dois anos. A pandemia piorou a situação. Com a distribuição equitativa de vacinas covid-19 na vanguarda das mentes de todos, devemos lembrar que a distribuição de vacinas sempre foi injusta, mas não precisa ser”, disse Henrietta Fore, executiva do Unicef.

Os motivos apontados pelo Unicef e OMS para queda foram déficits de financiamento, desinformação de vacinas e instabilidade. Além de que alguns países fecharam clínicas ou diminuíram horas de atendimento e o medo das pessoas de procurar atendimento médico por causa da covid ou as dificuldades para chegar aos serviços devido às medidas de bloqueio e interrupções no transporte.

As preocupações não são apenas para doenças suscetíveis a surtos mundiais. Já com taxas baixas, as vacinações contra o HPV (papilomavírus humano), que protegem adolescentes contra o câncer de colo de útero, vulva, pênis, ânus e garganta, foram altamente afetadas pelo fechamento de escolas. Como resultado, em todos os países que introduziram a vacina contra o HPV até o momento, aproximadamente 1,6 milhão de meninas a mais perderam a oportunidade em 2020. Globalmente, apenas 13% das meninas foram vacinadas contra o HPV, caindo de 15% em 2019.

No documento apresentado pelas duas organizações, eles pedem restauração de serviços e campanhas de vacinação; apoio aos profissionais de saúde e líderes comunitários a se comunicarem ativamente com pais e responsáveis para explicar a importância das vacinas; corrigir as lacunas na cobertura vacinal, garantir que a aplicação da vacina covid-19 seja planejada e financiada de forma independente e que ocorra paralelamente e não à custa dos serviços de vacinação infantil; implementação de planos para prevenir e responder a surtos de doenças evitáveis por vacinas e fortalecer os sistemas de imunização como parte dos esforços de recuperação da covid-19.

Meta ambiciosa

A meta da ONU (Organização das Nações Unidas) é ter, até 2030, 90% de cobertura para vacinas infantis essenciais; reduzir pela metade o número de crianças não vacinadas ou com “dose zero” e aumentar a ingestão de vacinas que salvam vidas, como rotavírus ou pneumococo, em países de baixa e média renda.

A situação do Brasil não é diferente dos outros países no mundo. De acordo, com https://noticias.r7.com/saude/pandemia-derruba-cobertura-vacinal-de-outras-doencas-no-brasil-10062021″ target=”_blank” rel=”noopener”>relatório feito pelo Ieps (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde), de 2015 até metade do mês de maio de 2021, mostra que houve queda superior a 20% nos principais imunizante aplicados pelo SUS (Sistema Único de Saúde). 

O instituto usou dados do Ministério da Saúde para nove imunizantes presentes no Calendário Nacional de Vacinação: poliomielite, primeira dose da tríplice viral (sarambo, caxumba e rubeóla), BCG (tuberculose), pentavalente (tétano, coqueluche, difiteria, hepatite B e meningite), hepatite B (em crianças até 30 dias), hepatite A, pneumocócica, meningocócica C e rotavírus humano.

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