UM OLHO NO PEIXE, OUTRO NO GATO… (Política e sabedoria popular!)

O povo de Várzea Grande, tem olho bem treinado?

Jalme Santana de Figueiredo Junior

Mesmo não passando pelo crivo científico metodológico rigoroso, os saberes populares muito contribuem para a convivência social. Grande parte das pessoas, no decorrer de suas vidas aprendem, divulgam e compartilham esses conhecimentos.

Antes vistos como algo a ser combatido, hoje a ciência (e os cientistas) já começam a olhar esses saberes de modo diferente – em grande medida, extraem deles a humildade, compreensão, paciência e esperança. Esses saberes, oriundos das experiências de vida e percepções das pessoas, ensinam várias lições importantes.

A expressão “Fica esperto! Um olho no peixe outro no gato”, sintetiza aspecto importante para compreensão do contexto social que vivemos: observem as contradições. Dois olhos no peixe, descuidam do gato – dois olhos no gato, descuidam do peixe, nas duas situações o resultado é igual – gato come e você passa fome.

Essa sabedoria popular pode provocar reflexões importantes para os movimentos políticos e sociais dos setores produtivos de Várzea Grande (indústria, comércio, transporte, entre outros). A pandemia, intensifica a crise municipal, empregos informais e precários aumentam, corrosão do poder de compra e alta do dólar geram inflação, ausência de medidas sanitárias específicas e efetivas disseminam o vírus que ceifa vidas e destrói famílias inteiras.

Vale lembrar que as crises capitalistas são cíclicas, conforme muito bem apontaram o economista Nikolai Kondratiev (1892-1938), geografo Armen Mamigonian (1935), jornalista Naomi Klein (1970), e tantos(as) outros(as) pesquisadores(as) comprometidos(as) com a compreensão dos movimentos do Capital e seus variados efeitos.

Essa característica cíclica, projeta momentos de prosperidades, recessão, depressão e melhorias. A esperança, reside no fato que a própria crise demonstra pistas de caminhos possíveis para sua superação, basta olhar com cuidado e inteligência.

Reza lenda, que Maquiavel (1469-1527) dizia “o Poder revela a verdadeira natureza das ações do homem”, resguardado contexto do filósofo, hoje a impressão é diferente – é a crise, que revela a natureza das ações humanas. Na recessão, identifica-se aqueles(as) que se dispõe a transformar e seguir a possibilidade de superação coletiva ou, através da recessão, garantir o sucesso individual. São nos momentos de queda que surgem vanguardas de lideranças e mudanças que balançam a ordem estabelecida.

A força dessa vanguarda é tamanha, que muitos – temendo o peso histórico da responsabilidade e o efeito político dele decorrente, surgem mais uma vez para chamar a si as visibilidades que alimentam suas vaidades. O esclarecimento, se faz fundamental a todos(as) “Fica esperto! Um olho no peixe, outro no gato”, pois se descuidar lembre-se do aviso de professora Henriqueta (1950-2009): “Meu filho! dinheiro de trouxa é matula de malandro”. O povo de Várzea Grande, tem olho bem treinado e se cansou das “malandragens” sabe que a atuação pode ocorrer em 2021, mas o desejo está em 2022.

Várzea Grande-MT 28 de Abril de 2021