Três homens desembarcam em praia algarvia e são detidos já quando andavam na rua

0
Três homens desembarcam em praia algarvia e são detidos já quando andavam na rua

Três homens, “ao que tudo indica de nacionalidade marroquina”, foram detidos pela PSP esta segunda-feira na cidade de Vila Real de Santo António, no Algarve. O grupo foi encontrado horas depois das autoridades terem sido alertadas para uma embarcação abandonada na praia de Santo António, confirmou ao Expresso fonte do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Foi ainda de manhã que a Polícia Marítima encontrou o barco sem ocupantes e apenas com jerricans de combustível. O alerta foi dado à PSP, GNR, ao SEF e à Polícia Judiciária. Seria a PSP que encontraria mais tarde os três homens desorientados no centro da cidade.

De acordo com a mesma fonte, os três homens estão detidos nas instalações de PSP e devem ser presentes a juiz esta terça-feira. Será depois definido o procedimento a adotar. É habitual nestas circunstâncias que quem chega avance com um pedido de proteção internacional para tentar permanecer em solo português e não ser de imediato repatriado, neste caso, ao que tudo indica, para Marrocos.

Esta é a sétima embarcação que chega à costa algarvia vinda do norte de África desde dezembro de 2019. Dos 98 adultos que chegaram a Portugal, 66 apresentaram pedidos de proteção internacional, sendo que 57 deles foram considerados infundados. Só nove pessoas, incluindo dois menores de idade, prosseguiram para processos de regularização de permanência em Portugal.

Questionada diversas vezes ao longo do último ano pelo Expresso, o porta-voz da Organização Internacional para as Migrações (OIM) garantiu estar a acompanhar o caso, sublinhando que se desconhecem “as suas motivações, quem são, como viajaram, quais os traficantes que os ajudaram.” “Não é possível especular se vai emergir uma nova ou significante rota na Europa.” “Os números são muito pequenos e é muito cedo para dizer se esta é uma nova ou significante tendência. Como isto se vai desenvolver no futuro depende de vários fatores, incluindo da forma como as autoridades [de Marrocos e Portugal] vão reagir.”

Mais recentemente, em dezembro do ano passado, também a secretária de Estado para a Integração e as Migrações, Cláudia Pereira, defendeu que não se pode falar numa rota migratória. “São menos de 100 pessoas as que chegaram. Sei que tiveram muita visibilidade mediática, mas são menos de 100, o que ainda não nos permite saber se é um novo padrão migratório. Ainda nem sequer temos dados para perceber se queriam vir para Portugal ou se queriam ir para outros países a partir de Portugal. Mais de metade pediram asilo”, disse em entrevista à Lusa.

29 DE MARÇO 2021 | VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO

3 homens

Detidos já no centro da cidade. Foi o grupo que conseguiu chegar mais longe na travessia. Todos os outros foram intercetados ainda na água ou na praia.

16 DE SETEMBRO DE 2020 | ILHA DESERTA

28 pessoas

O grupo era composto por 24 homens, três mulheres, uma delas grávida, e um menor. Foi a primeira vez que havia mulheres a bordo. Dias depois, 17 deles escaparam de um quartel de Tavira, onde estavam a aguardar a aplicação de ordem judicial e onde faziam quarentena, pois três deles estavam infetados com covid-19.

21 DE JULHO DE 2020 | ILHA DO FAROL

21 homens

Foram intercetados pelas autoridades portuguesas junto à ilha do Farol, em Faro, vindos do norte de África. Ficaram instalados no Estabelecimento Prisional do Linhó, em Sintra. Na altura, os centros de instalação temporária do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras estavam sobrelotados, justificaram as autoridades.

15 DE JUNHO DE 2020 | PRAIA DE VALE DO LOBO

22 homens

Foram detetados durante a madrugada ainda antes de chegarem ao destino. Ao contrário do que até então tinha acontecido, nenhum deles pediu proteção internacional a Portugal. Foram presentes ao Tribunal Judicial de Loulé, “tendo-lhes sido aplicada a medida de coação de instalação em Centro de Instalação Temporária para afastamento de território nacional no âmbito do processo de expulsão por entrada e permanência irregular”.

6 DE JUNHO DE 2020 | OLHÃO

7 homens

Um barco também com origem em El Jadida trazia sete pessoas a bordo. Tratava-se de um grupo só de homens, com idades entre os 20 e os 30 anos, que foi acolhido pelo Conselho Português para os Refugiados. Todos pediram para serem acolhidos. “Ainda estão à espera para serem ouvidos e aguardam a decisão sobre os pedidos. Mas as audiências já estão marcadas”, garantia o SEF em junho.

29 DE JANEIRO DE 2020 | ILHAS DA ARMONA E CULATRA

11 homens

Um novo barco com 11 marroquinos a bordo chegava ao Algarve. Saíram também de El Jadida e haveriam de desembarcar entre as ilhas da Armona e Culatra. Uma vez mais, marroquinos e com idades entre os 21 e 30 anos. “No dia seguinte à chegada já oito tinham desaparecido, não estariam em Portugal”, confirmou o SEF. Nenhum deles chegou a ser ouvido em tribunal. Os outros três pediram asilo mas foi recusado.

10 DE DEZEMBRO DE 2019 | MONTE GORDO

8 homens

O primeiro barco de madeira partiu de El Jadida na noite de 8 de dezembro, um domingo. Oito homens (um de 16 anos, outro de 18, dois de 19, outro de 21, dois de 22 e um de 26) fizeram a viagem com sete bidões de combustível, um bote redondo, pouca comida (10 quilos de maçãs e cinco de amêijoas), mochilas com uma muda de roupa para cada um e barbatanas. Fizeram a travessia na velha embarcação, apenas com um GPS “fraquinho” – pouco mais de dois dias depois chegaram à Praia de Monte Gordo.

Todos eles quiseram pedir asilo em Portugal. Apenas um, o jovem de 16 anos, teve o pedido aceite. Os restantes foram recusados e entretanto cinco homens estão desaparecidos enquanto dois recorreram da decisão do tribunal, informa o SEF.

Leia Mais

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor insira seu comentário!
Digite seu nome aqui