Rui Costa aborda os motivos da crise do Benfica e alerta para o precedente perigoso com caso Palhinha

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Rui Costa aborda os motivos da crise do Benfica e alerta para o precedente perigoso com caso Palhinha

Rui Costa deu uma extensa entrevista à BTV, onde falou de todos os temas da atualidade benfiquista. O vice-presidente do clube ‘encarnado’ falou do caso Palhinha e do precedente que pode abrir, abordou a situação da COVID-19 no clube e deixou algumas notas sobre as críticas dos adeptos do Benfica sobre a postura do clube esta época.

Adeptos falam em pouca presença pública em termos de arbitragem: “Temos tentado respeitar todas entidades para poderem fazer o seu trabalho, mas provavelmente estamos enganados. Olhando para o panorama do futebol português, se calhar temos de fazer como outros.”

Caso Palhinha e credibilização do futebol: “Temos tentado fazer isso [n.r.d. credibilização do futebol nacional], tentado dar esse exemplo, mas se olharmos para o exemplo de ontem, do Palhinha, abriu-se um precedente que não sei como se vai alterar no futuro. Tivemos o caso do Otamendi e tivemos resposta diferente. Quantos cartões amarelos vão ser retirados e quantos foram mal dados? Mesmo em jogos que não têm a importância de Benfica, Sporting e FC Porto. Abriu-se um precedente extremamente perigoso. O facto de não falarmos todos os dias e a criticar e em gritaria, não significa que estamos desatentos. O facto de não termos nenhum penálti não é algo que nos passe ao lado. Temos tentado respeitar todas as entidades, se isso não basta, se calhar temos de fazer como os outros e mudar o nosso rumo.”

Condições do Seixal: “Condições como o Benfica dá aos seus profissionais duvido que alguém tenha melhor, podem ter igual mas não melhor. Essa é uma conquista do nosso clube. Ninguém se pode queixar por esse caminho, pela falta de condições. Quando conseguimos dar a todos os profissionais todas as condições possíveis e imaginárias para desempenhar um bom trabalho, obriga a uma exigência ainda maior. É isso que temos procurado ao longo dos anos. Temos essa exigência de fazer um trabalho ainda melhor.”

COVID-19 no Seixal: “Toda a gente sabe o que passámos em janeiro no Seixal. Não só com os 10 jogadores que estiveram ausentes do plantel com 20 pessoas do staff. Quando começámos a recuperar esta pessoas, acabámos por perder o nosso treinador. Isso mexe com as dinâmicas e até com a inconsistência da própria equipa mas isso não justifica tudo. Não justificando tudo, não é essa a mensagem que quero passar. Não é por isso que estou aqui. Não é a isso que me vou agarrar para fora e muito menos para dentro para eliminar a nossa responsabilidade pelo facto de não estarmos na posição que queríamos.”

Situação Jorge Jesus com COVID-19: “Ele está melhor, está a recuperar bem. Não conseguimos dizer quando é que ele pode estar presente e quando é que poderá voltar a treinar. Esperemos que o mais breve possível. A preocupação maior prende-se com a sua saúde e não com o dia em que volta a treinar a equipa. É a nossa principal preocupação para deixá-lo recuperar bem. Isto não é uma brincadeira. Quando se prende com saúde, tudo é remetido para segundo plano.”

Causas para os maus resultados: “Os nossos adeptos pretendem ouvir como é que nós chegámos aqui e como é que nós podemos sair deste momento negativo. Há muita causa identificada para explicar o insucesso da equipa até aqui. O que internamente procuraremos fazer é eliminar esse erros, procurando uma responsabilização muito maior da parte de quem está a representar o clube em que área fora para darmos a volta a esta situação. Percebendo que não há elementos que tenham a mesma coragem do que aqueles que querem virar esta situação, esses não podem fazer parte do grupo.”

Como sair da crise desportiva? “Temos de ter a capacidade para conseguir sair dela. É um momento para grande caráter. É um desafio muito grande que temos hoje pela frente. É um desafio que devemos aos nossos adeptos. Posso elencar muita coisa que justifica a época mas acredito que isso cria ainda mais dissabor no nosso adepto. Posso adiantar que há 15 dias estive com uma estatística na mão das seis principais ligas europeias em que os primeiros dois classificados na mesma jornada de hoje tinham mais 49 pontos, por exemplo. Justifica a época realmente atípica.”

Jogadores sentem necessidade de exigência dos adeptos? “Temos até ao final 18 jogos de campeonato, uma Liga Europa, uma meia-final da Taça de Portugal. Temos três provas e onde procuraremos fazer de tudo para as conquistar. Quem não estiver em condições para assumir essa responsabilidade não irá fazer parte do grupo. Isso é ponto assente. Não vale só para uma das componentes, vale para todas. É um momento para homens e atletas de grandes coragem, sejam jogadores, treinadores ou dirigentes. Representamos o maior clube do país. Sabemos a responsabilidade que é representar esta camisola, eu tenho este prazer há 40 anos, esse orgulho. Quem não conseguir sentir essa vontade ou quem temer essa responsabilidade, não pode encarar este desafio como nós queremos encarar.”

Próximo jogo com Vitória de Guimarães: “Não será só para vencer mas também para dar uma resposta aquilo que tem sido feito. Percebo que tudo o que diga hoje que vai para além do campo de futebol e do jogo, da bola entrar ou não, soa a desculpa. Mas neste momento temos a equipa toda à disposição, algo que não tínhamos há algum tempo atrás ou durante muito tempo. Não temos o nosso treinador mas temos qualidade suficiente para assumir as nossas responsabilidades.”

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