POR VÁRZEA GRANDE! RESPEITAMOS A DEMOCRACIA.

Jalme Santana de Figueiredo Junior

OPINIÃO

O artigo primeiro da Constituição Federal de 1988 aponta que no Brasil, o poder emana do povo. O exercício desse poder ocorre de duas maneiras principais: escolha de representantes eleitos ou de modo direto nos moldes estabelecidos pelo próprio diploma constitucional. Na antiguidade, Democracia era compreendida enquanto governo do povo.

A etimologia vem do Grego “dêmos”: Povo e “Kratia”: força, poder e/ou governo. De modo abstrato, de fato a Democracia se põe enquanto expressão máxima de uma república popular, com objetivo principal o bem comum, o bem de todos(as). Entretanto, da abstração do conceito até a materialização da prática, muitos aspectos transpassam o exercício democrático.

A escolha de representantes por votos direto e secreto, se estabeleceu em perspectiva de
delegar o embate político e proposições para pessoas que são escolhidas periodicamente – base principal da Democracia Representativa.

Aqui, a tarefa dos(as) cidadãos(ãs) está na fiscalização, acompanhamento e avaliação da política realizada por esses eleitos. Resguardados seus limites burocráticos, jurisdicionais e de competências, grande parte das organizações sociais e políticas
se utilizam desses mecanismos para deliberar temas importantes e de grande impacto.

Outro meio de se exercer a Democracia é partindo de seu aspecto direto e participativo. Cabe aos escolhidos (eleitos) organizar discussões, viabilizar a participação coletiva, valorizar os
movimentos da sociedade civil organizada. A base aqui, está na promoção dos debates, indicações e deliberações realizados a partir do conjunto de pessoas interessadas na problemática.

No Brasil, a espacialização da Democracia possui características representativas e
participativas. Por exemplo, a eleição e escolha dos representantes mediante voto, são bases da Democracia Representativa, enquanto às audiências públicas, referendos e plebiscitos se espelham na Democracia Participativa. Essa dança, muitas vezes pode parecer pouco provável,mas geram grandes impactos nas políticas locais.

Comumente ouvimos que a política em Várzea Grande é diferente de tudo que estamos acostumados – academicamente falando – no entanto, o aspecto que toca profundamente a Democracia aqui realizada está no problema da Política dos Bastidores. O grande historiador Eric Hobsbawn (1917-2012), apontava que o fenômeno da Política dos Bastidores, era um dos grandes
problemas enfrentados pela Democracia global.

Para o historiador, essa política tinha como marca principal certa “maquiagem” representativa e participativa, e uma prática excludente e de negação do debate coletivo, defendendo apenas pequenas parcelas de interessados.

Nosso município não estava no campo analítico de Hobsbawn, mas suas reflexões nos ajudam a compreender a própria condição democrática que aqui encontramos. Várzea Grande possui grande potencial, muitos avanços ocorreram em sua história – surgimento e fortalecimento do comércio, industrialização, urbanização e desenvolvimento fazem parte dessa terra.
Estamos em tempo de avançar ainda mais, não há dúvidas que condições existem, cabe
aos cidadãos a cobrança crítica, propositiva com responsabilidade.

Por parte dos gestores, cabe o afastamento dos “bastidores”, dialogar com a população, ouvir e apresentar propostas. A abertura
dos trabalhos da Câmara Municipal, esse mês, foi instigante. A participação dos que utilizaram a tribuna foi satisfatória e debates foram postos, agora tomemos nosso protagonismo e partimos para produzir a história.

Várzea Grande-MT 19 de Fevereiro de 2021.

Mestre em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, professor de Geografia na Educação Básica do Estado de Mato Grosso, lotado na E.E. Fernando Leite de Campos em Várzea Grande, coordenador do grupo de Estudo Geografia, Política e Sociedade (GPS) – Instagran @profjalmejr