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Pesquisadores recuperam visão de ratos com glaucoma

Pesquisadores recuperam visão de ratos com glaucoma

Uma nova pesquisa publicada por pesquisadores de diversas universidades traz nova esperança a pessoas com visão reduzida ou cegueira completa, ao anunciarem terem revertido um quadro de glaucoma em ratos que foram induzidos a desenvolver a doença. Comum em idosos, ela pode afetar pessoas mais jovens e quando não tratada a tempo, pode levar à perda da visão.

Ratinho branco usado como cobaia em pesquisas (Crédito: tiburi/Pixabay) / visão

Ratinho branco usado como cobaia em pesquisas (Crédito: tiburi/Pixabay)

O procedimento usado na pesquisa se baseou no conhecimento de que células em estágio embrionário têm maiores capacidades de regeneração, e que elas se perdem conforme o espécime amadurece e envelhece. Não por acaso, uma série de doenças comuns à velhice, como o mal de Alzheimer, são decorrentes de degeneração celular. Um dos pontos negativos de vivermos por mais tempo graças à medicina, mas divago.

O glaucoma não é necessariamente uma doença ligada exclusivamente ao envelhecimento, embora ele seja um dos fatores de risco. Ele é um mal causado principalmente pelo aumento da pressão intraocular, que causa danos no nervo óptico. O glaucoma de ângulo aberto, o mais comum, pode permanecer assintomático por anos, lentamente reduzindo o campo de visão de um olho prejudicando a visão periférica, até chegar ao que chamamos de “visão de túnel”, bem restrita.

Se não tratada a tempo, o glaucoma pode levar à perda completa da visão de um ou ambos os olhos. Entre os atuais tratamentos estão colírios, medicamentos para regular a pressão intraocular e, em último caso, cirurgia.

O método apresentado pelos pesquisadores visava não impedir o avanço do glaucoma, mas revertê-lo após o diagnóstico.

Paciente com glaucoma no olho direito; note como a pupila reage à luz em relação ao olho esquerdo (Crédito: James Heilman/Wikimedia Commons)

Os ratinhos da experiência foram manipulados para desenvolverem glaucoma, e a seguir, foram submetidos a um coquetel chamado OSK, composto de três genes empregados em pesquisas de memória epigenética, onde as células “se lembram” de marcações químicas em suas fases embrionárias e as reativam. O método é o mesmo usado para produzir células-tronco a partir de células adultas saudáveis.

Ao “rejuvenescerem”, a capacidade de regeneração das células ganglionares danificadas da retina dos ratos duplicou, aumentando o ritmo de restauração do nervo óptico em até 5 vezes. Os pesquisadores conseguiram reverter quadros de perda de visão em espécimes mais velhos, além dos portadores de glaucoma, e constataram a regeneração de axônios (prolongamentos dos neurônios) até a base do cérebro das cobaias.

Da visão ao Alzheimer

Segundo o Dr. David Sinclair, um dos autores do estudo, será possível começar os testes em humanos daqui a dois anos, enquanto pesquisadores externos apontam a possibilidade de usar a técnica em outras espécies, antes de pular para a fase com pacientes.

Ao mesmo tempo, ao constatar que o OSK é efetivo para restaurar células nervosas e recuperar ligações com neurônios, Sinclair acredita que o tratamento pode ser usado para tratar outras doenças degenerativas graves, como o mal de Alzheimer, que destrói a memória e outras funções mentais, e é causa de 60 a 70% dos casos de demência.

Referências bibliográficas

LU, Y. et. al. Reprogramming to recover youthful epigenetic information and restore vision. Nature, Edição 588 (2020), 35 páginas, 2 de dezembro de 2020.

Fonte: Nature

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