ONDE ESTÁ A ÁGUA EM VÁRZEA GRANDE?

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Quem mora em Várzea Grande, vez ou outra se depara a problemática: falta d’água no município. Até mesmo aqueles que não sentem na pele essa situação, conhecem ou já visualizaram inúmeros cidadãos que não conseguem acessar tal recurso de modo diário.

Em diálogo com a população não é raro ouvir: Aqui chega água um dia sim, dois dias não; já fiquei mais de meses sem vir água; aqui no bairro tem que pagar o caminhão pipa, se não, fica sem água…

Além dessas posições comunitárias, rotineiramente nas propagandas televisivas, notícias, opiniões compartilhadas nas redes sociais e até mesmo entre conversas familiares e de amigos, saltam afirmações de que a água no mundo está acabando, campanhas de cuidado para não utilizar água pois ela vai acabar um dia – provocando assim, uma série de preocupações e questionamentos.

Acalmando essas inquietações e indicando a verdadeira fonte do problema, os geógrafos
Aldo da C. Rebouças, Benedito Braga e José Galizia Tundisi, organizaram vários trabalhos
científicos demonstrando que, na realidade a quantidade de água no planeta continua a mesma desde a 500 milhões de anos atrás. Ora, se essa quantidade é invariável, onde está a água de Várzea Grande?

Na perspectiva desses geógrafos, reunida na obra “Águas doces no brasil: Capital
ecológico, uso e conservação”, publicada em 2006, aponta-se que o problema central da questão da água não é seu fim, mas as maneiras de interferência humana no ciclo da água (ciclo hidrológico). Relembrando tempos escolares, nota-se que ciclo hidrológico, nada mais é que a combinação de fatores físicos e químicos – relacionados aos três estados da água (sólido, líquido e gasoso), responsáveis pela renovação hídrica planetária.

O ciclo, basicamente, se forma pela evaporação da água (encontrada em rios, lagos,
oceanos, entre outros), sua condensação (transformando-se em nuvem), pelas precipitações (que podem se chuvas ou neve) em um ciclo infindável de renovação hídrica. É essa dinâmica de primeira natureza que inviabiliza a tese de que a água no mundo acabará um dia. E as águas das “Várzeas Grandes” estão inseridas nesse ciclo.
Ao passo que surge a humanidade ocorre sua interferindo nessa dinâmica, tornando o ciclo
hidrológico em ciclo hidrosocial.

É no ciclo hidrosocial que deve-se repousar o olhar e preocupação. A utilização de agrotóxicos nocivos, ausência de tratamento de esgoto, produção de resíduos sólidos e químicos, lixos gerados por setores produtivos da indústria, comércio, mineração e extrativismo podem elevar muito o custo de tratamento da água para consumo humano. Portanto o acesso a água acaba sendo restrito pelo poder econômico de cada cidadão.

Urge para Várzea Grande, necessidade de união entre as instituições públicas e sociedade
civil organizada em prol da elaboração de plano municipal, responsável, para gestão dos recursos
hídricos locais. Identificação dos corpos hídricos regionais, estabelecer planos de tratamento e
saneamento básico para reduzir danos de curto, médio e longo prazos promovendo recuperação
de nascentes, aguas superficiais e subterrâneas.

ARTIGO – Jalme Santana de Figueiredo Junior
Mestre em geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, professor de geografia da Educação Básica
do Estado de Mato grosso, lotado na E.E. Profª nadir de Oliveira em Várzea Grande, coordenador do grupo de
Estudo Geografia, Política e Sociedade (GPS) – Instagran @profjalmejr

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