O elo de profissão e fé que une a comunidade histórica a São Pedro.

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O padroeiro dos pescadores deixa sua marca todos os anos nessa comunidade, onde ocorre a tradicional Festa de São Pedro. Porém, a festa ficou suspensa por três anos por conta da pandemia da covid-19. O retorno foi celebrado com muita fé e mais de 2 toneladas de peixe.

Há mais de 2 mil anos, após realizar o milagre da pesca maravilhosa, deixando Simão Pedro espantado com tamanho poder, Jesus disse para o pescador que, daquele momento em diante, ele seria pescador de homens e Pedro então largou tudo e tornou-se seguidor de Cristo. Voltando aos dias atuais, o exemplo de Pedro, o pescador de peixes e de almas, ainda é colocado em prática por seus colegas de profissão e de fé no Distrito de Bonsucesso, às margens do rio Cuiabá, em Várzea Grande.

O padroeiro dos pescadores deixa sua marca todos os anos nessa comunidade, onde ocorre a tradicional Festa de São Pedro. Isso pode ser visto logo nas primeiras horas do dia 29 de junho, quando os fiéis saíram em procissão pelas ruas do pequeno povoado, no intuito de pescar almas para Cristo, como observa a freira Marijô Verotiana, da Congregação Nossa Senhora da Salete, que esteve pela primeira vez na festa nesta quarta-feira (29).

“O sentido da procissão é o povo manifestar a sua fé. Significa que Deus caminha conosco, que Deus está presente, está vivo e tem a sua graça com o seu povo. É uma forma também de fazer evangelização para atrair e fazer o povo voltar para a igreja. Quando tem grandes festas assim, sempre começa com a oração e o povo anda para ir à igreja, igual na época de Jesus, quando o povo andava para entrar em Jerusalém. No caso desta festa, é muito importante proque São Pedro é pescador. É como Jesus falou: ele vai pescar homens”, comenta a religiosa.

Epifânio Ferreira de França, que vive da pesca em Bonsucesso há mais de 30 anos e há mais de 20 participa da organização da festa de santo, ressalta sua alegria em integrar o movimento popular que acolhe milhares de pessoas para celebrar São Pedro. “É uma imensa alegria ver as pessoas virem desfrutar do que a gente está fazendo. É uma coisa que a gente faz com alegria para acolher de braços abertos quem chegar. Não tem classe, não tem cor. É uma alegria imensa porque São Pedro foi pescador, já é uma ligação, e a gente tem que fazer o que gosta e eu gosto de pescar”, declara.

A conciliação entre trabalho e fé também é uma constante na vida do pescador Ednaldo Pereira da Silva, mais conhecido como Chiquinho do Bonsucesso, responsável pela equipe de 10 pessoas que trabalham no preparo do peixe servido no almoço da tradicional festa de santo. “São Pedro é o padroeiro dos pescadores. Quando a gente vai pro rio, a gente pede proteção pra ele. E tem dado certo porque este ano melhorou bastante, devido à natureza, porque choveu bastante ano passado, então este ano aumentou o número de peixes, apesar de estarem pequenos”, relata o pescador, que se considera um protetor do rio Cuiabá.

“Este rio é importante não só pra comunidade, mas para Mato Grosso inteiro. Isso aqui é uma fonte de renda, daqui sai água para consumir em Várzea Grande, Cuiabá e toda região. Nós somos protetores daqui. É que nem uma formiguinha”, diz.

O trabalho de formiguinha para defender o rio e a atividade pesqueira na região pode ser observado na própria Festa de São Pedro, que só acontece devido ao trabalho voluntário de mais de 100 moradores de Bonsucesso, como observa Epifânio Ferreira. “Só os oito festeiros não fazem a festa. Se a comunidade não entrar para ajudar, não faz a festa. E é tudo voluntário. Aqui não sai dinheiro pra ninguém trabalhar e nem ajudar. É só amizade e vamos nos unindo”, conta.

A pescadora aposentada e voluntária da Festa de São Pedro, Teodora Leite da Rosa Magalhães, corrobora a importância da união de esforços e da fé em São Pedro para a realização do evento. Com uma equipe de mais de 10 mulheres pescadoras na cozinha, ela relata que o preparo do almoço que é servido gratuitamente para quase 10 mil pessoas começa às 5 horas da manhã, mas que a arrecadação dos alimentos começa semanas antes.

“Graças a Deus, essas coisas que chegam são doações de pessoas que são devotas de São Pedro. Graças a Deus, a comunidade é muito unida. A gente está muito feliz por estar acontecendo uma coisa maravilhosa, deu tudo certo. A gente torce para que São Pedro ajude que essa tradição nunca acabe, que os vindouros deem continuidade”, afirma.

Saudosa da festa que não ocorria há 3 anos, devido à pandemia de covid-19, a dona de casa Ana Maria Espírito Santo, conta que a devoção por São Pedro vem desde os pais e os avós, que foram pescadores em Bonsucesso. Para ela, a retomada da festividade religiosa é um momento de muita emoção e agradecimento por parte da comunidade. “Com a graça de Deus, estamos aqui louvando e agradecendo porque aqui, graças a Deus, a pandemia passou, algumas pessoas ficaram com covid-19, mas não tivemos muitas perdas”.

O prefeito Kalil Baracat, que prestigiou a missa e a Festa de São Pedro, nesta quarta-feira (29), ao lado da primeira-dama, a promotora de Justiça Kika Dorilêo Baracat, destacou que a Prefeitura de Várzea Grande está presente no distrito com projetos voltados para fomentar a cultura e o turismo. “Queremos fortalecer o turismo empresarial e também o turístico gastronômico, que é um dos maiores potenciais da nossa cidade. Temos apoiado com políticas públicas voltadas a esse segmento para que os turistas que chegam fiquem aqui pra desfrutar o que a gente tem de melhor e que a gente gere emprego e renda dentro do nosso município”, asseverou.

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