Morreu, nesta quinta-feira, 24, o ex-peso-pesado e lenda do boxe brasileiro José Adilson Rodrigues dos Santos, mais conhecido como Maguila, aos 66 anos. A informação foi confirmada pela esposa do pugilista, Irani Pinheiro.
Em 2013, Maguila foi diagnosticado com encefalopatia traumática crônica (ETC), conhecida como ‘demência pugilística’, uma doença degenerativa semelhante ao Alzheimer e provocada pelos repetidos golpes sofridos na cabeça. Ele estava internado em uma clínica de Itu, no interior de São Paulo.
Nascido em Aracaju (SE), Maguila se mudou quando jovem para São Paulo e, desde cedo, trabalhava na construção civil. Praticava o boxe em seu tempo livre e, de maneira improvisada, muitas vezes usando pneus para praticar seus golpes.
No entanto, se destacou como boxeador até que chamou a atenção do jornalista e empresário Luciano do Valle, que passou a assessorar o jovem lutador através de sua agência. Foi através da parceria que José Adilson passou a treinar com o renomado treinador norte-americano Angelo Dundee, que dirigiu lendas do boxe como Muhammad Ali, George Foreman e Sugar Ray Leonard.
O lutador ganhou a alcunha de Maguila devido às semelhanças com o personagem de desenho animado Magilla Gorilla, da Hanna-Barbera.
Em sua carreira, Maguila construiu um cartel de 85 de lutas, com impressionantes 77 vitórias, sendo 61 por nocaute, sete derrotas e um empate.
Além de campeão brasileiro, levantou os títulos Sul-Americano, Latino-Americano, foi campeão das Américas, pentacampeão continental e campeão mundial pela Federação Mundial de Boxe (WBF).
Nos ringues, o brasileiro ficou frente a frente com outras duas lendas do boxe, Evander Holyfield, com quem disputou o cinturão do Conselho Mundial de Boxe, e George Foreman, mas acabou nocauteado em ambos os combates.
Vida fora dos ringues
Em 2000, Maguila encerrou a carreira como boxeador profissional ao ser derrotado por Daniel Frank. Pouco tempo depois, passou a ser figura frequente na TV brasileira, como comentarista irônico de assuntos de economia do populesco Aqui Agora, do SBT.
O ex-lutador também fazia parte do quadro fixo do humorístico Show do Tom, apresentado por Tom Cavalcante. Maguila despontou como cantor quando, em 2009, lançou um álbum com sambas entitulado Vida de Campeão.
Maguila também tentou a carreira como político, ao se lançar como candidato a deputado federal em São Paulo pelo PTN, o atual Podemos, em 2010. Na ocasião, recebeu apenas 2951 votos e não acabou eleito.
No mesmo ano, Maguila recebeu o diagnóstico equivocado de mal de Alzheimer. Anos depois, chegou a ficar internado por dois anos após ser reavaliado e receber, em definitivo, o diagnóstico de ETC, doença neurodegenerativa que provoca o declínio cognitivo, alterações de comportamento e problemas de memória.
Em janeiro 2006, o irmão de Maguila, Gilson Rodrigues dos Santos, de 44 anos, foi morto a tiros durante um assalto a uma residência no bairro nobre Cidade Jardim, na zona oeste de São Paulo. Gilson acabou surpreendido pela chegada dos assaltantes através da tubulação do Rio Pinheiros.
A dupla ainda levou uma arma de fogo de Gilson, que era segurança, após baleá-lo. Ele morreu enquanto era atendido no pronto-socorro do Hospital São Luiz, no Morumbi.
