Mercado de camisas antigas de futebol vira oportunidade e dispara na pandemia

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Mercado de camisas antigas de futebol vira oportunidade e dispara na pandemia

Carlos Caloghero ainda era um estudante do curso de relações públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 2002, quando a necessidade de arrumar verba para a cerveja do fim de semana o levou a empreender. Ao identificar em sites de comércio de camisas de futebol uma oportunidade, resolveu se aventurar – seu primeiro negócio foi a venda de uma camisa da seleção italiana para um rapaz de São Caetano do Sul, por R$ 80. Hoje, Carlinhos, como é conhecido, é dono de um império que embasbaca muitos marmanjos. A marca “Brechó do Futebol” compreende um acervo de 13 mil camisas e de dois bares com temática futebolística (estes em sociedade com amigos) em Porto Alegre.

Ganhar a vida com o comércio de camisas colecionáveis de futebol é uma sacada que ocorreu a empresários de várias localidades do País: do Amapá a Florianópolis, passando por Londrina, Belo Horizonte, Palmas…

Em São Paulo, um dos empreendimentos mais conhecidos é a Atrox Casual Club, que tem loja física na Galeria Ouro Velho, na Rua Augusta. Vinícius Pinheiro Martins, que toca o negócio, é filho de Renato de Oliveira Martins Filho, produtor musical e empresário de bandas de punk rock. Frequentador assíduo do “Rebellion Festival”, importante evento do gênero, Renato costumava voltar do Reino Unido com camisas de clubes como West Ham, Aston Villa, Crystal Palace e Millwall na bagagem. Em junho de 2014, colocou 60 peças num showroom de roupas alternativas que tinha na Galeria do Rock. Com a boa aceitação das camisas, nasceu a ideia de abrir uma loja exclusiva para itens ligados ao futebol.

Até hoje, a Atrox é um ponto de encontro de punks e de apaixonados pelo futebol. “Quando passam jogos do West Ham na TV, a gente para de trabalhar”, diz Vinícius, que simpatiza também com o Wolverhampton.

A loja se tornou uma curtição séria e tem frequentadores conhecidos, como os comentaristas de futebol Mauro Beting e Mauro Cezar Pereira, o guitarrista Andreas Kisser, do Sepultura, e o locutor de rádio Tatola. Boa parte deles dá depoimentos em um documentário sobre a Atrox, que está para ser lançado. A loja já recebeu também a visita de nomes importantes do futebol, como Biro Biro, Capitão e Ademir da Guia, que autografou uma camisa do Palmeiras de 1975, um ano depois do fim da Segunda Academia. “É uma peça que não tem preço para nós, palmeirenses”, diz o empresário.

Embora muitos dos empreendimentos funcionem apenas – e bem – na base do e-commerce, razoável parcela desses comerciantes não abre mão de uma loja física. É o caso de Rodrigo Cavalcanti, da Chanti Sports, de Florianópolis. “Muita gente gosta de ir pessoalmente à loja, para manusear as camisas, ver como está o estado de conservação. Um ponto físico alça a loja a outro patamar de credibilidade”.

Cavalcanti, assim como outros comerciantes do ramo, acha que a venda de camisas colecionáveis de futebol é um dos poucos negócios que ganharam impulso com o coronavírus. “O negócio já estava crescendo antes, mas, com a pandemia, parece que explodiu. Tem muita gente desempregada que abre o armário e percebe que dispõe de um ativo em forma de camisas. Na outra ponta, as pessoas estão saindo menos, gastando menos, e ficam mais tempo na internet. Muitos acabam caindo em sites que vendem camisas de futebol”.

Como era de se imaginar, os valores das peças variam bastante. Alguns itens são considerados clássicos, como as camisas do Flamengo do início dos anos 1980. As famosas “furadinhas”, assim chamadas devido à trama do tecido, fabricadas pela adidas, alcançam valores de R$ 1,5 mil. Caso tenham sido camisas de jogo, envergadas por craques, obviamente o preço para venda se multiplica. Cavalcanti chegou a vender uma camisa de Ademir da Guia, de 1973, por R$ 4 mil.

Baiano radicado em Florianópolis, Cavalcanti só não quer saber de vender uma camisa de 1972 do seu time de coração, o Vitória. “Foi um ano icônico do Vitória, que tinha um time com Mário Sérgio, André Catimba e Osni”, diz o empresário.

Naquele ano, o de estreia do clube no Campeonato Brasileiro, o rubro-negro de Salvador recebeu o Santos de Pelé na Fonte Nova – e venceu por 1 a 0, gol de Almiro. Se fosse vender a peça, Cavalcanti não pediria menos do que R$ 5 mil. Mas essa é apenas uma hipótese.

A demanda por camisas de clubes estrangeiros é grande. Se, nos últimos anos, a procura por camisas de clubes da Inglaterra cresceu, devido à escalada do prestígio da Premier League, no ramo de camisas antigas do futebol italiano ainda reina. “Há um interesse por camisas do Liverpool, que eram fabricadas por marcas que não vinham para cá. Mas existe todo um saudosismo em torno do futebol italiano, que tinha muita projeção aqui nos anos 80, 90 e parte dos anos 2000”, diz Vinícius, da Atrox.

Já Carlinhos, do Brechó do Futebol, vê em Porto Alegre outros motivos que puxam a venda de camisas de clubes estrangeiros. “Aqui no Sul temos muitos descendentes de alemães e de italianos. Aí tem gente que quer iniciar uma coleção de camisas de um desses países”.

Quanto aos clubes brasileiros, existe tanto o interesse por peças dos gigantes do futebol nacional como também buscas de nicho. “Notamos aqui o que chamamos de colecionismo raiz: torcedores que têm uma memória afetiva de momentos importantes do seu clube do coração. Procuram-se muito camisas do Corinthians daquela época em que o patrocínio era da Kalunga. Consigo vender uma peça dessas, em bom estado, por uns R$ 700”, cita Cavalcanti.

Mas camisas de times de remotos pontos do interior do Brasil, de clubes que já faliram ou daqueles que viveram seus dias de glória há vários anos também têm legiões de apreciadores. “Existe muito interesse pela camisa do Bragantino de 90/91 (da marca Dellerba e patrocínio da Vasp), do Guarani de 1995, do Bangu de 1985”, diz Carlinhos.

Cientes de que estão mergulhados numa paixão que transforma adultos em crianças grandes, os comerciantes de camisas antigas trabalham sem ver o tempo passar. “Troco, vendo, bato papo, anuncio, fotografo, faço pacotes e contabilidade aqui na Atrox. Trabalho demais, mas sinto um prazer nessa atividade que poucos encontram em suas profissões”, conta Vinícius.

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