Fixos e fluxos: O desenvolvimento da cidade capitalista.

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Busca pelo desenvolvimento continua sendo a pauta da vez, os efeitos da crise Capitalista agravaram os níveis de desigualdade mundiais, gerando altos níveis de miséria. A pandemia da COVID-19 escancarou a ineficiência de modelos econômicos na entrega da qualidade de vida, tão necessária a todos. Gerar desenvolvimento não é tarefa fácil, tampouco resultado de receitas unitárias, demanda postura democrática e abertura ao diálogo direto com aqueles que mais sofrem as mazelas da crise – as populações marginalizadas e periféricas.

A produção do espaço urbano pode revelar dois aspectos centrais, as variadas ocupações do solo que definem funções urbanas fragmentadas e articuladas, e a materialização das intenções dos principais produtores do espaço urbano. Conforme assertiva do geógrafo brasileiro Roberto Lobato Corrêa (1939), podem ser produtores do espaço urbano os proprietários dos meios produtivos (indústrias e empresas em geral), proprietários fundiários (donos de terras e lotes na cidade), promotores imobiliários (desenvolvedores de grandes empreendimentos urbanos), o Estado (mediante política de governo e/ou política de Estado) e os grupos sociais excluídos (os marginalizados e periféricos).

No contexto do Capitalismo moderno, a cidade se desenvolve partindo da coalização e alinhamento dos produtores do espaço urbano na execução de seus empreendimentos. São as quantidades de fixos (imóveis e construções) e a intensidade de fluxos (circulação de bens, serviços e capital) que caracterizam o nível de influência e produção de riqueza de uma cidade. Conforme definição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as cidades podem ser organizadas de modo hierárquico, de acordo com seus níveis de influências, são elas Metrópoles, Capitais Regionais, Centros Sub-Regionais, Centros de Zona e Centros locais.

Várzea Grande com população superior à 250 mil habitantes – conforme censo de 2021 – configura como cidade de grande porte através da classificação do IBGE. No entanto, para que sua influência e produção de riqueza se amplie, é necessário planejamento tático/prático que intensifique seus fluxos e gere mais fixos. É dessa maneira que a cidade poderá se modernizar e se inserir cada vez mais no processo global de produção de riqueza, que se caracteriza pelo “espalhamento” das principais cadeias de produção agrícola, comercial, mineral e industrial.

Essa árdua tarefa, exige compromisso democrático e participação popular. Decentralizar decisões estratégicas e incluir a população no embate público (através de audiências públicas articuladas entre executivo, legislativo e judiciário local). Valorizar as escolas na prestação educacional e os estabelecimentos de saúde em seus serviços de cuidado e tratamento dos munícipes. Integrar de modo sustentável o campo e a cidade a partir de técnicas modernas e tecnologias de última geração. Aqui, as contradições da realidade desmontam qualquer idealismo pois o esforço coletivo supera todas as intenções individualistas.

Várzea Grande-MT 12 de Dezembro de 2021
Jalme Santana de Figueiredo Júnior

Mestre em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Professor de Geografia da Educação Básica do Estado de Mato Grosso, lotado na E.E. Profº Fernando Leite de Campos em Várzea Grande, Coordenador do Grupo de Estudo Geografia, Política e Sociedade (GPS) e Vice-presidente da Fundação LB-AP de Mato Grosso – Instagran @profjalmejr.

2 COMENTÁRIOS

  1. Ótima matéria.
    É um tema super importante que poucos sabem ou se interessam.
    Parabéns pela preocupação com a sociedade local, expondo a realidade preocupante que nos cercam.

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