Depois de uma novela atribulada sobre a vacinação dos deputados e de uma série de desentendimentos, sobretudo com o PSD, o presidente da Assembleia da República decidiu aceitar a sugestão de avançar com um grupo de trabalho e não com uma nova lista de deputados, “minimalista”, como queriam os sociais-democratas.
Numa nota enviada pelo gabinete de Ferro Rodrigues, sublinha-se que os procedimentos estão ser articulados entre o secretário-geral do Parlamento e o ministério da Saúde, sendo que os prazos serão aqueles que “as autoridades de saúde definirem”. Ainda assim, Ferro considera “da maior utilidade a constituição de um grupo de trabalho para acompanhar o processo”, como o PS chegou a sugerir, “até atingir todos os deputados que pretendam ser vacinados, bem como os funcionários considerados indispensáveis” para garantir que o Parlamento funciona.
Na mesma nota, o gabinete de Ferro garante que “as observações e propostas” remetidas nos últimos dias pelos grupos parlamentares estão a ser “contempladas”. Isto depois de, nos últimos dias, Ferro e o PSD terem entrado num desentendimento público – os sociais-democratas queixaram-se por terem sido incluídos na lista de vacinação do Parlamento deputados que recusaram ser considerados prioritários, Ferro disse estar “negativamente surpreendido” por ter pedido essa lista ao partido antes de a enviar ao primeiro-ministro e o PSD acabou por devolver a frase – também se disse “negativamente surpreendido” – e pedir a “anulação imediata” da lista já feita, para que fosse elaborada outra, em termos “minimalistas”.
O texto assinado por Ferro recorda que na semana passada ficaram definidos os critérios prioritários (precedências do protocolo de Estado e membros da comissão permanente, tendo sido pedido aos líderes parlamentares que indicassem nomes tendo por base a idade e estado de saúde dos deputados). “Nos últimos dias, a solicitação do Grupo Parlamentar do PSD, e, posteriormente, de dois Presidentes de Comissões Parlamentares Permanentes e de Deputada Membro da Comissão Permanente, foram feitos acertos à relação inicial”, garante o gabinete.
A “novela” da vacinação no Parlamento fez com que a lista de 50 nomes ficasse reduzida a 38, anotadas as recusas dos deputados do PSD em passar à frente de grupos prioritários, aos quais se juntaram parlamentares do PS, sendo agora o número total de 35. Antes disso e ainda no prazo dado por Ferro para a lista ficar fechada, BE, PAN, Chega e Iniciativa Liberal já tinham comunicado que ficariam de fora da lista, tendo o PCP indicado apenas dois nomes e o CDS o seu líder parlamentar. O elenco dos nomes foi pedido ao Parlamento numa carta enviada por António Costa a Ferro, na semana passada, mas a polémica ficou instalada desde o início, com quase todos os partidos a manifestarem críticas públicas à “generalização excessiva” (palavras do PCP) da vacinação a cargos políticos, onde se incluem, por exemplo, deputados e autarcas.