A advogada Elaine Mamoré veio a público com uma nota de profundo pesar para denunciar a falta de empatia e o comportamento hostil de parte da categoria dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Combate às Endemias (ACE) de Várzea Grande contra seu irmão, o advogado Dr. Cláudio Mamoré.
A denúncia é feita em um contexto doloroso: Dr. Cláudio, que dedicou nove anos à defesa intransigente dos direitos dessa categoria, está afastado por ordem médica devido a um quadro grave de Transtorno Afetivo Bipolar (CID-10 F31.9), com histórico de múltiplas descompensações e quatro tentativas de suicídio.
Silêncio e Crueldade nos Grupos de WhatsApp
Segundo a nota, em vez de apoio, a família tem recebido mensagens de cobrança pessoal e oportunista e ataques desrespeitosos em grupos de WhatsApp. O mais alarmante, aponta Elaine, é que os próprios administradores desses grupos — que são profissionais da saúde — não só falharam em intervir, como alimentaram o ambiente hostil.“É lamentável constatar que, dentro de uma categoria cuja missão é cuidar da saúde da população, falta conhecimento básico e sensibilidade sobre saúde mental,” afirma Elaine Mamoré na nota.
O Contraste do Setembro Amarelo
A advogada frisa o contrassenso vivido: enquanto o mês de setembro termina, dedicado à prevenção do suicídio e à valorização da vida (Setembro Amarelo), o que a família presenciou foi o oposto do espírito da campanha. “Em vez de empatia e apoio, houve silêncio, descaso e, em alguns casos, crueldade disfarçada de opinião,” declarou.
A família ressalta que o advogado enfrenta sintomas intensos e persistentes e tem recomendação médica para internação psiquiátrica, sem previsão de retorno ao trabalho no curto prazo.
A nota é um alerta sério e um pedido de respeito à dignidade do profissional que hoje luta pela própria saúde.
“Meu irmão está lutando por sua saúde e dignidade, e o mínimo que se espera da categoria pela qual ele tanto lutou é responsabilidade, empatia e humanidade,” finaliza Elaine Mamoré.
Nota na Íntegra
NOTA À IMPRENSA
Elaine Mamoré
Olá, bom dia.
Gostaria de solicitar a publicação de uma nota.
Meu nome é Elaine Mamoré, sou advogada e irmã do Dr. Cláudio Mamoré. Dirijo-me à imprensa com profundo pesar para tratar de uma situação que jamais imaginei precisar expor publicamente. É humilhante para mim e para a nossa família ter que tornar pública toda a gravidade da doença psiquiátrica do meu irmão, não por vontade, mas por necessidade diante do comportamento de parte da própria categoria dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Combate às Endemias (ACE) de Várzea Grande.Dr. Cláudio dedicou nove anos de sua vida profissional à defesa intransigente dos direitos dessa categoria, atuando com técnica e comprometimento em diversas frentes administrativas e judiciais. Hoje, encontra-se afastado de suas atividades por determinação médica, em razão de um quadro grave de Transtorno Afetivo Bipolar (CID-10 F31.9 e F31.3), com histórico de TDAH associado, múltiplos episódios de descompensação e quatro tentativas de suicídio. Os relatórios médicos apontam refratariedade ao tratamento ambulatorial, sintomas intensos e persistentes como crises de pânico, despersonalização, anedonia profunda, irritabilidade e isolamento social e recomendam internação psiquiátrica voluntária, sem perspectiva de retorno laboral no curto e médio prazo.
Mesmo diante desse quadro gravíssimo, recebemos mensagens em tom de cobrança pessoal e oportunista, vindas inclusive de pessoas da própria categoria dos ACS e ACE que nunca tiveram qualquer contato direto com meu irmão, mas que, ainda assim, se sentiram no direito de atacá-lo em grupos de WhatsApp, de forma desrespeitosa e insensível. Essas atitudes foram ainda mais dolorosas porque os próprios administradores desses grupos, que são profissionais da saúde, em vez de intervirem para pedir respeito e empatia diante da situação, alimentaram o ambiente hostil, permitindo que comentários irresponsáveis e ofensivos se propagassem, mesmo cientes da gravidade da doença e do estado de saúde dele.
É lamentável constatar que, dentro de uma categoria cuja missão é cuidar da saúde da população, falta conhecimento básico e sensibilidade sobre saúde mental. Uma palavra dita sem cuidado, uma crítica mal colocada ou uma mensagem leviana pode ferir profundamente ou até precipitar uma crise em alguém que enfrenta um transtorno psiquiátrico severo. Essa falta de consciência é alarmante, especialmente entre profissionais que lidam diariamente com vidas.
Estamos encerrando o mês de setembro Amarelo, campanha nacional voltada à prevenção do suicídio e à valorização da vida. No entanto, o que vivemos foi exatamente o oposto do espírito dessa campanha. Em vez de empatia e apoio, houve silêncio, descaso e, em alguns casos, crueldade disfarçada de opinião.
Esta nota não é um ataque. É um pedido de respeito e um alerta sério. Meu irmão está lutando por sua saúde e dignidade, e o mínimo que se espera da categoria pela qual ele tanto lutou é responsabilidade, empatia e humanidade. A saúde mental também é responsabilidade coletiva.
Atenciosamente,
Elaine Mamoré
Advogada – Irmã de Dr. Claudio Mamoré