O coronel Evandro Alexandre Ferraz Lesco realizou um acordo de não persecução penal com o Ministério Público Estadual (MPE) e pagará R$ 82 mil por esquema de escutas ilegais montada na gestão do ex-governador Pedro Taques. A Grampolândia Pantaneira, aconteceu entre 2014 e 2015.
Com isso, o militar pagará R$ 62 mil a título de indenização ao erário e R$ 10 mil em multa civil e outros R$ 10 mil de dano coletivo. No acordo, Lesco reconhece a procedência da denúncia do Ministério Público e que praticou as condutas descritas.
Com a realização do acordo, o coronel terá que esclarecer todos os ilícitos que praticou; falar a verdade incondicionalmente; cooperar sempre que for chamado a colaborar, mediante comparecimento pessoal e entregar todas as provas em geral, incluindo os documentos que possam contribuir, a juízo do Ministério Público, para a elucidação dos ilícitos que são objeto da colaboração. O coronel era suspeito de comandar o suposto esquema de interceptações telefônicas.
Relembre o caso
Cerca de 80 números de telefone foram grampeados pelo núcleo de inteligência da Polícia Militar de Mato Grosso, em um esquema ilegal de espionagem que foi revelado em maio de 2017.
As interceptações clandestinas teriam ocorrido entre outubro de 2014 e agosto de 2015 e tiveram entre os alvos o desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) José Ferreira Leite, a deputada estadual Janaína Riva (PMDB), e o ex-vereador Vinícius Hugueney (PP).
Também tiveram os telefones grampeados advogados, policiais, servidores públicos, jornalistas, médicos, assessores parlamentares, empresários, entre outros.
O ex-secretário de Segurança Pública, Mauro Zaque, disse ter entregue ao ex-governador documentos que comprovavam a existência de “escritório clandestino de espionagem”, para que o caso fosse investigado. “Em outubro de 2015, levei essa documentação ao conhecimento do governador. Ele viu que tinha o envolvimento de pessoas muito próximas a ele, inclusive secretários”, afirmou.
No entanto, Taques negou ter recebido essa documentação. “Não recebi essa documentação do promotor Mauro Zaque”, pontuou.
Em 2021, o ex-governador Pedro Taques, o ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, que é primo dele, os coronéis da Polícia Militar Zaqueu Barbosa, Evandro Lesco, Airton Siqueira Júnior e o cabo da PM Gerson Correa Júnior foram denunciados pelo Ministério Público Estadual por participação no esquema.
A ação foi proposta pelo promotor de Justiça Reinaldo Rodrigues de Oliveira Filho, que pediu a condenação do grupo por prática de ato de improbidade administrativa com ressarcimento ao erário.
Em 2020, o governador Mauro Mendes (União Brasil) assinou o ato de aposentadoria do coronel da Polícia Militar Evandro Lesco.
Conforme ato governamental tornado público, a Polícia Militar de Mato Grosso informa que o coronel PM Evandro Alexandre Ferraz Lesco foi reformado por invalidez permanente, por ter sido considerado incapaz definitivamente para permanecer no serviço ativo da PM, conforme comprovou a perícia médica oficial do estado e por isso foi transferido compulsoriamente para a inatividade mediante reforma proporcional. Esclarece ainda que tal providência, advinda da lei, não tem caráter disciplinar ou punitivo.
Fonte: https://odocumento.com.br/