Economia de SC tem margem para sacrifícios diante do colapso na saúde | Pedro Machado

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Economia de SC tem margem para sacrifícios diante do colapso na saúde | Pedro Machado

Restrições a atividades diversas e lockdown, como o anunciado pelo governo de Santa Catarina para os dois próximos fins de semana, costumam provocar calafrios em uma economia que ainda batalha para se restabelecer em meio à pandemia do coronavírus, mas se mostram necessários num cenário iminente de descontrole.

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O Estado enfrenta o momento mais grave da crise sanitária até aqui, com leitos de UTI lotados, pacientes intubados em corredores de hospitais, contenção de medicamentos, equipes médicas exauridas e um crescente número de infectados pela Covid-19. Doa a quem doer, é preciso, em nome do interesse coletivo, conter a circulação de pessoas para diminuir a velocidade de propagação do vírus. Há exemplos de fora que mostram que esse é um dos caminhos possíveis no momento, mesmo desagradando setores da economia.

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Impor certos limites a atividades produtivas, diferente do que se imaginava no início, não provocou uma quebradeira generalizada em Santa Catarina. Sim, há segmentos que até hoje estão mais expostos e cujas perdas são irrecuperáveis – atividades ligadas a feiras, eventos e turismo entre elas. E também sempre existirão exemplos de empresas que sucumbiram e acabaram fechando as portas. Mas de maneira geral a economia do Estado lidou melhor com a situação do que o resto do país.

Alguns dos principais indicadores econômicos comprovam isso. Santa Catarina fechou 2020 com saldo positivo na geração de empregos, de acordo com dados do Ministério da Economia. O Estado criou 53 mil vagas formais, com carteira assinada, volume que representou 37% do total de postos de trabalho abertos em todo o Brasil (142.690). Mesmo em um ano tão atípico, o comércio catarinense cresceu 5,6% em volume de vendas e 10,2% em receita, índices bem superiores aos nacionais (1,2% e 6%, respectivamente), segundo o IBGE.

O setor de serviços sofreu mais, com queda de 4% em volume e de 3,2% em receita. Ainda assim, foram retrações menores do que a média nacional (7,8% e 7,1%). Na produção industrial os resultados se equivaleram: a de SC recuou 4,4% e a brasileira, 4,5%. A redução ocorreu principalmente por causa de restrições mais duras ao funcionamento de fábricas entre março e abril de 2020, mas que não se repetem agora. Além disso, o setor teve forte reação no segundo semestre.

As medidas anunciadas nesta semana para frear o avanço do contágio no Estado não são novidade. Todas elas já foram colocadas em prática, parcial ou totalmente, em algum momento em um passado não muito distante. Ao contrário da primeira vez, empresas e população não podem se dizer surpreendidas ou alegarem que caminham no escuro. Agora existe mais informação disponível, os protocolos de segurança estão bem difundidos e há alternativas conhecidas para minimizar os impactos.

Com indicadores melhores do que a média nacional e essa experiência reativa acumulada nos últimos meses, o setor produtivo de Santa Catarina tem margem, embora pequena, para sacrifícios, ainda mais com o retorno do auxílio emergencial pago à população. Mais vale recuar um pouco agora do que prolongar os efeitos da crise, alimentando a insegurança jurídica do “abre-fecha”. Não custa lembrar que uma sociedade doente é um mau negócio para a economia.

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