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Aspectos históricos da enfermagem no Brasil
A história da enfermagem no Brasil possui marcos importantes que contribuíram para a construção da profissão como a conhecemos atualmente.
O primeiro aspecto relevante foi a abertura das Santas Casas de Misericórdia, em 1543, por meio da atuação dos jesuítas na fundação, direção e manutenção das obras de caridade, auxiliados por voluntárias e irmãs de caridade. Nesse contexto, a enfermagem se tratava de uma atividade relacionada à vocação do cuidar.
Em 1865, o Brasil teve como pioneira Anna Justina Ferreira Nery – voluntária na guerra do Paraguai – que atuou na assistência dos feridos em hospitais de zona de guerra. Vale mencionar também que, em 2009, entrou em vigor a Lei nº 12.105, que a introduziu no livro de Heróis da Pátria.
No ano de 1923, foi fundada a Escola de Enfermagem Anna Nery, seguindo os modelos da enfermagem moderna de Florence Nightingale – dama da lâmpada – a qual foi responsável pela redução das infecções e da mortalidade em feridos de guerra na Inglaterra, na utilização de métodos de higiene e lavagem das mãos. Dessa maneira, Florence é considerada a mãe da enfermagem moderna.
Ademais, em 1986 foi regulamentado o exercício da enfermagem como profissão no Brasil (Lei nº 7.498/86), que favoreceu para o aumento do número de profissionais. Atualmente, o país possui 613.532 enfermeiros, na atuação da promoção, da proteção e da recuperação dos indivíduos, de forma integral, equânime e universal.
O protagonismo da enfermagem
O ano de 2020 foi considerado o Ano da Enfermagem, bem como foi comemorado os 200 anos de Florence Nightingale, que coincidiu com a pandemia da Covid-19. Nesse viés, a pandemia vem demonstrando a importância da atuação dos enfermeiros para a construção de estratégias e experiências exitosas, com destaque do enfrentamento da guerra contra o vírus.
Nessa realidade, os profissionais de enfermagem tornam-se os heróis da saúde, isto é, um dos profissionais que mais se expõe à contaminação, tendo que se distanciar de suas famílias para evitar a transmissão aos seus entes queridos. Outrossim, os enfermeiros permaneceram ativos no exercício de sua profissão, mesmo diante de períodos de confinamento, por se tratar de uma profissão essencial ao se demostrarem firmes e exitosos no combate à Covid-19.
Além disso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) possui uma agenda, até o ano de 2030, que visa a erradicação da pobreza e a promoção do desenvolvimento econômico, social e ambiental em escala global. Nessa lógica, é importante salientar que a OMS aponta a enfermagem como a protagonista para alcance das metas estabelecidas nesse plano, sobretudo no fortalecimento dos sistemas de saúde e garantia do acesso universal.
Nesse ínterim, é indispensável o reconhecimento do valor do enfermeiro como profissional da saúde, especialmente na qualificação e investimento de ferramentas que mantenham os profissionais satisfeitos no exercício da sua profissão com melhorias financeiras e garantias/benefícios de trabalho.
Mais que aplausos da janela
Embora a necessidade de valorização, a enfermagem no Brasil enfrenta obstáculos, como, exemplo o baixo salário, a deficiência de recursos humanos, a fragilidade em relação à equipamentos, medicamentos e insumos. Assim, convém informar que o desafio do seu reconhecimento se refere a múltiplos aspectos históricos negligenciados, tais como: a profissão ter sido estabelecida cientificamente de forma tardia; o atraso da regulamentação da categoria; o desconhecimento do papel da enfermagem pela população; e a divulgação inadequada do enfermeiro pela mídia. Por outro lado, é imprescindível reforçar a necessidade de uma discussão da sociedade com a cobrança ao Poder Legislativo, a fim de inovar e atualizar a legislação, com destaque o Projeto de Lei nº 2.564/2020, que reivindica o piso salarial nacional e a carga horária da enfermagem;
Por fim, no dia do enfermeiro, que se comemora em 12/05, a enfermagem merece mais do que um discurso sobre ser herói da saúde e aplausos da janela. Afinal, em meio ao caos, os profissionais arriscam a própria vida e buscam soluções técnicas e profissionais para a garantia do direito à vida, por meio do bem-estar físico, mental e social à toda a população.
Autor:
Enfermeira, especialista em saúde da família. Mestre em educação pela Universidade Federal Fluminense. Experiência na gestão de unidade básica de saúde no Município do Rio de Janeiro e atualmente Gestora em Saúde no Município de Maricá.
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