De tempos em tempos, novas Fake News surgem nas redes sociais – em especial, no WhatsApp – sobre a pandemia do novo coronavírus. E o Detetive TC sempre está de olho para alertar a respeito desses boatos, como já realizou anteriormente várias vezes.
Agora, com o início da vacinação de grupos de risco no Brasil e o avanço da imunização pelo mundo, além do aumento de casos que tem provocado novas medidas de restrição para conter a pandemia, mais notícias falsas passaram a se espalhar entre as pessoas. A coluna desvendou as mais recentes e mostra a seguir:
Mortes por vacina?
Uma sequência de Fake News buscou induzir que pessoas falecidas pouco tempo após a aplicação da vacina teriam morrido em decorrência do imunizante. Uma das mensagens indicava 34 e outra dizia 26 indivíduos.
Elas ainda creditavam a informação à Anvisa e colocavam números aleatórios de efeitos adversos, divididos entre a CoronaVac e a vacina da AstraZeneca, em uma somatória que nem dá o número do total mencionado. Confira um dos exemplos:
“Anvisa confirma 34 óbitos e 767 efeitos adversos em primeiro mês de vacinação Ao todo foram 767 notificações de efeitos adversos, entre leves e graves, 525 da vacina da CoronaVac e 243 da Astra Zeneca.”
Esses dados mencionados no boato não se tratam de algo confirmado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Eles são provenientes do sistema Vigimed, uma plataforma – sim, criada pela Anvisa – que permite o envio de formulários para relatar supostos efeitos adversos de vacinas e remédios.
Mas as informações na plataforma não são totalmente verificadas. A própria ferramenta possui um alerta que reforça serem apenas suspeitas de eventos adversos, as quais “não devem ser usadas para qualquer análise técnica para atribuir ou não causalidade dos eventos aos medicamentos ou às vacinas”.
A própria Anvisa chegou a emitir uma nota com esclarecimentos sobre essas Fake News. A agência destacou que “até o momento, não há nenhum caso de óbito conhecido que tenha relação estabelecida com o uso das vacinas para Covid-19 autorizadas no país. As vacinas em uso no país são consideradas seguras”.
Atenção! Não há, até o momento, mudanças na relação risco-benefício das vacinas em uso no país contra Covid-19. Os dados públicos de notificações das vacinas não indicam qualquer relação com eventos adversos graves ou óbitos no país.
Leia mais em: https://t.co/1Tl7PVmlmu pic.twitter.com/MPhhiwgAQh
— Anvisa (@anvisa_oficial) March 4, 2021
Pico da pandemia em abril?
Um outro recado espalhado pelas redes credita à Unimed Cataguases, em Minas Gerais, um comunicado que dizia que o pico de casos de Covid-19 ocorreria entre os dias 6 e 20 de abril de 2021. Ele ainda falava que seria necessário ficar entre “hoje e a próxima quarta-feira” em casa, para prevenir um aumento de infectados.
“Comunicado O pico do vírus será de 6 a 20 de abril. Se o pico dos casos for realmente nestes dias, a maioria das pessoas se contaminará entre hoje e a próxima quarta-feira. Para que o pico seja mais brando, precisamos aumentar o isolamento social. Envie aos amigos, vizinhos e familiares. Unimed Cataguases.”
A nota realmente procederia como emitida pela seguradora de saúde. Ela só teria um detalhe que anularia a sua validade: a divulgação ocorreu em março de 2020, ou seja, quando as primeiras medidas de isolamento social foram implementadas no país.
A confirmação veio do superintendente da Federação da Unimed de Minas Gerais, Cristiano Silva Rocha, em entrevista ao Portal Mídia.
“Isso ocorreu no ano passado quando tomamos todas as medidas cabíveis na época. Agora, com certeza, depois de 1 ano, alguém deve ter compartilhado esse histórico. Não é postagem atual.”
Cristiano Silva Rocha
Superintendente da Federação da Unimed MG
CoronaVac não funciona contra nova cepa?
Mais uma notícia falsa tem colocado em cheque a CoronaVac. Ela afirma que a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan não funcionaria contra uma nova cepa brasileira identificada primeiramente em Manaus (AM) – entenda a classificação de cepas, variantes, linhagens e mutações na coluna Detetive TC anterior.
A mensagem distorce um estudo realizado na Unicamp e publicado na plataforma Preprints with The Lancet na última segunda-feira (1º). Como o próprio nome do espaço já diz, são trabalhos prévios publicados, os quais ainda não foram revisados por pares nem comprovados. Isso sinaliza para um cuidado maior ao tirar conclusões do estudo.
A pesquisa buscou identificar se o plasma de pessoas vacinadas com a CoronaVac conseguiria neutralizar a cepa brasileira do coronavírus. Os resultados preliminares obtidos mostraram que a eficácia é reduzida – algo comum em todas as vacinas contra mutações –, mas os anticorpos existem – mesmo em baixa quantidade.
O próprio pesquisador e coordenador do estudo, José Luiz Proença Módena, explica que “em hipótese alguma, ele sugere que a vacina não funcione”.
Hospital com vagas sobrando
Desde o começo da pandemia no Brasil, negacionistas têm promovido movimentos que incentivam a filmagem de hospitais para supostamente mostrar que não há superlotação nem falta de vagas de UTI ou leitos comuns.
Pois bem, após a notícia de que o Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS), precisar alugar um contêiner para refrigerar corpos, um vídeo tem circulado com a intenção de mostrar que o estabelecimento de saúde está vazio.
O vídeo exibe partes sem ninguém do local e afirma não entender o desespero da declaração do hospital sobre estar com lotação máxima e sem espaço para colocar os mortos.
Mas há dois motivos pelos quais o morador do local ter encontrado uma suposta “tranquilidade” por lá. O primeiro é o protocolo adotado pelo estabelecimento para reduzir a circulação de pessoas internamente – como visitas de familiares. Já o segundo consiste no fechamento das tendas de atendimento, para focar apenas em casos mais graves. Confira os esclarecimentos no comunicado oficial do Hospital Moinhos de Vento:
“O Hospital Moinhos de Vento esclarece que o vídeo gravado nas dependências da instituição e que sugere que a situação vivida é tranquila não reflete a realidade. Além de captado sem autorização, traz informações imprecisas. O hospital registra, hoje, os mais altos índices de internações e agravamento de casos. Conforme já divulgado em nota nesta semana, a instituição está com mais de 100% de ocupação dos leitos de terapia intensiva e também opera acima da capacidade destinada a pacientes infectados pelo coronavírus nas áreas de internação.
A ideia de normalidade sugerida pelo vídeo é, na verdade, resultado das medidas adotadas pelo Comitê de Enfrentamento da COVID-19, visando manter os padrões de qualidade assistencial e médica da instituição. O hospital abriu leitos de terapia intensiva de retaguarda e fechou a tenda de atendimento a pacientes com suspeita de infecção pelo coronavírus, citada na gravação, direcionando para o atendimento da Emergência, que só recebe casos classificados como vermelho e laranja. Também, limitou a transferência de pacientes que necessitam de leitos no Centro de Terapia Intensiva. Os esforços são voltados a proporcionar o suporte necessário para ocasionar os melhores desfechos possíveis. Familiares de pacientes com COVID-19 não circulam pelo hospital e são orientados a permanecer em casa, uma vez que as visitas são vedadas nestes casos.
O Hospital Moinhos de Vento reforça que esse tipo de conteúdo é irresponsável e fere princípios legais, pois expõe pacientes da instituição sem autorização de uso da imagem. Também alerta a população para que desconfie e não compartilhe informações não oficiais e duvidosas. Além disso, os profissionais de saúde da instituição se sentiram desrespeitados num momento em que muitos estão privados do convívio familiar e com todas as atenções e esforços voltados ao atendimento dos pacientes com um único objetivo: salvar vidas.”
Hospital Moinhos de Vento
Não caia em Fake News
Este é um alerta importante de se fazer, principalmente quando os impactos de uma Fake News podem custar vidas: esteja atento aos conteúdos que você recebe pelas redes sociais. Procure sempre ir atrás de fontes oficiais para confirmar as informações antes de acreditar cegamente e repassar aos seus contatos.
Um pensamento incorreto formado por uma notícia falsa pode levá-lo a colocar em risco a sua vida e a das pessoas que você ama. Não é por que recebeu determinada mensagem de algum conhecido seu que possa ser de confiança que o conteúdo é verdadeiro.
O indivíduo também deve ter recebido a mensagem de outro contato que ele acreditava. Assim se formam as correntes de boatos pelas redes sociais.
E aí, você chegou a receber alguma dessas ou outra Fake News recente sobre a pandemia do novo coronavírus? Relate para a gente no espaço abaixo.