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Cidades “de 15 minutos”, veggies, e saúde mental: sete tendências para os próximos meses

Conheça algumas das tendências que segundo a Trend Watching vão marcar 2021 na construção de um futuro mais sustentável, diverso e certamente mais digital.

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Sergei Malgavko/TASS

Sergei Malgavko/TASS

O ano de 2020 criou as bases para a mudança. Cidades pensadas para um futuro mais sustentável, a gestão ética dos recursos do planeta, o admirável mundo novo da diversidade e a nossa relação com o panorama digital, são algumas das tendências que poderão marcar 2021 e os próximos anos. Quem o diz é a TrendWatching, uma das empresas líderes mundiais na antecipação e análise das tendências de consumo. Conheça sete dessas previsões.

A pouco e pouco vão-se notando avanços em direção a ambientes urbanos sem carros, que dão prioridade à mobilidade sustentável e ao bem-estar. Como exemplo disso, a TrendWatching apresenta-nos o caso da Reef, uma startup norte-americana que ambiciona construir “cidades de 15 minutos”, onde tudo o que as pessoas precisam pode ser encontrado em apenas uma curta caminhada ou com um passeio de bicicleta. Para isso, a Reef está a transformar espaços de estacionamento em hubs urbanos dotados de infraestruturas de forma a aproximar as pessoas de produtos e serviços, para que não seja necessário pegar no carro para ir a um centro comercial, um hipermercado ou um hospital.

O que se prevê é que 2021 traga consigo mais projetos como este, que fortaleçam as comunidades locais, o bem-estar nas cidades e que ajudem a revolucionar o conceito de mobilidade com uma perspetiva sustentável sempre em mente, sem pôr em causa as necessidades das pessoas que habitam os espaços urbanos.

Em 2020, a pandemia exigiu muita imaginação das empresas que a braços com uma crise económica tiveram de encontrar ideias para subsistir. Foi o caso da marca de cerveja Corona que decidiu lançar a Paradise Advisor: uma plataforma ao estilo Airbnb que reúne os melhores eco-hotéis da Colômbia. Promovendo o turismo sustentável, mais consciente, e procurando reconstruir o setor duramente atingido pelas restrições implementadas para fazer face à Covid-19.

Também em 2021 são esperadas novas ideias para esta recuperação com oportunidades de negócio mais responsáveis. De acordo com a TrendWatching, 86% das pessoas em todo o mundo desejam que o mundo mude significativamente neste novo ano, dando voz à expressão “build back better” — ou “reconstruir melhor” em português.

Fala-se cada vez mais de depressão e ansiedade, mas o desconhecimento sobre estes temas é grande e os estigmas associados são ainda maiores. Porém o tempo em que se ignorou a saúde mental está a chegar ao fim. Em 2021, iremos assistir a uma maior procura por produtos e serviços que aumentem o bem-estar emocional, em grande parte devido ao teletrabalho que agora integra a rotina diária, tornando-se cada vez mais difícil desligar do ambiente profissional e reconectar com a vida pessoal.

Prova disso é a nova aposta da Microsoft com o lançamento de novas funcionalidades para a plataforma Teams, desenhadas para melhorar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional no universo do trabalho à distância. Uma das funcionalidades é a introdução de uma espécie de viajem virtual para o trabalho, de forma a criar momentos que permitam transitar de um ambiente para outro. Além disso, a gigante tecnológica irá criar, em parceria com a app de meditação Headspace, uma opção para registo diário do estado emocional. Estes são pequenos passos que as empresas poderão adotar para calibrar o impacto dos seus produtos e serviços no bem-estar dos consumidores daqui em diante.

Em “The Intern” (2015), Robert De Niro encarnava a personagem de estagiário sénior contracenando com Anne Hathaway, que interpretava o papel de CEO de uma startup de e-commerce do mundo da moda. E já na altura a mensagem era clara: alargar a área de atuação do negócio contratando talentos mais velhos.

Foi também esta a posição adotada por uma agência de criação de conteúdos australiana, a Thinkerbell, que lançou no passado setembro um programa de estágios remunerados de oito semanas para candidatos com mais de 55 anos. A agência acabou por descobrir que há toda uma faixa etária de profissionais que está a ser desaproveitada.

Nesse sentido, a TrendWatching aponta que à medida que a longevidade aumenta, as pessoas podem, querem e precisam de ser produtivas por mais tempo. Por isso, em 2021, a responsabilidade fica do lado das empresas em abandonar o preconceito etário e em dar as boas-vindas a um grupo crescente de talentos com uma vida inteira de experiência.

Vegan, plant-based, cruelty-free,… são anglicismos que têm vindo a conquistar espaço em qualquer dicionário. Desde a alimentação, à moda, aos produtos de beleza, às embalagens, a procura por produtos não provenientes de origem animal está a transformar a indústria por todo o mundo.

Há cerca de três anos seria impensável um vegano comer ovos mexidos, mas até isso mudou. Em 2018, a Eat Just, uma empresa de tecnologia alimentar sediada na Califórnia, lançou um alimento novo com aparência e sabor semelhante a um ovo, mas não proveniente de origem animal, feito à base de feijão mungo. O sucesso desta inovação, com efeitos também no mercado europeu, permitiu à tecnológica abrir um centro de investigação culinária em Xangai, dedicado à produção de alimentos de origem exclusivamente vegetal.

Com base neste modelo a seguir, 2021 poderá ser um ponto de viragem para as empresas participarem nesta revolução plant-based ao proporcionarem aos consumidores estilos de vida mais éticos e ecológicos.

Embora haja muitos pontos na História em que se tenha pensado sobre as temáticas da diversidade e inclusão, 2020 apresentou uma oportunidade real de mudança. As conversas sobre racismo subiram de tom quando o mundo assistiu ao assassinato do afro-americano George Floyd pelas mãos da polícia norte-americana. As redes sociais encheram-se de mensagens de apoio a Elliot Page quando assumiu ser transgénero. Na indústria da moda, Harry Styles quebrou barreiras quando apareceu de vestido na edição da dezembro da Vogue, na primeira vez que a revista colocou um homem a solo na capa. Também na política se deram importantes conquistas, com Kamala Harris a tornar-se a primeira mulher vice-presidente dos Estados Unidos. Já no TikTok, Kyne Santos uma drag queen com mais de 800 mil seguidores marca a diferença por se aliar à matemática para identificar estatísticas enganadoras nos media.

Abraçar a diversidade em tudo é, segundo a Trendwatching, um diálogo que se deverá manter em 2021, à medida que novas normas ditam a forma como as marcas comunicam com os consumidores e as suas expectativas, de forma a que a mensagem de um produto acompanhe a celebração das realidades sociais.

Com a evolução da pandemia, as desigualdades digitais no mundo ficaram a descoberto. Estudantes por toda a parte tiveram que abandonar o registo escolar para começarem a ter aulas online a partir de casa. Mas as crianças e jovens de países em desenvolvimento, onde o acesso às novas tecnologias ainda não é generalizado, foram as mais prejudicadas.

Para colmatar esta grande falha, o chatbot FoondaMate permitiu que alunos na África do Sul tivessem acesso a materiais escolares sem estarem conectados a uma rede fixa de internet. Com esta app os alunos puderam descarregar notas, trabalhos e fazer pesquisas através dos dados móveis gratuitamente, uma vez que as apps de comunicação não são pagas no país. Assim, quando as escolas fecharam os alunos conseguiram manter os estudos.

Mas este é apenas um exemplo de como em 2021 a necessidade de inventar formas criativas de difundir o acesso digital a todos será maior do que nunca.

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