Cem dias de vazio com Mário Frias na Cultura

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Cem dias de vazio com Mário Frias na Cultura

O secretário especial de Cultura, o ator Mário Frias, que substituiu a colega Regina Duarte, em junho desta ano, publica nesta segunda-feira (21), na Folha, artigo onde “comemora” seus cem dias à frente da secretaria de Cultura “do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido)”.

O secretário cita no texto os dois eventos que mais o entusiasmam: “a retomada do projeto dos 200 anos da Independência do Brasil, em 2022, que vamos tornar uma verdadeira festa popular, e a campanha “Povo Heroico”.

O primeiro deles é uma tentativa de reedição da espalhafatosa festa do sesquicentenário da Independência, promovida no auge da ditadura, no ano de 1972, em pleno governo do general Emílio Garrastaszu Médici. Vale ressaltar que Portugal, o parceiro da festa, ao contrário de hoje, que vive sob o governo do socialista António Costa, também vivia sob a ditadura, tendo à frente o premier Marcello Caetano, herdeiro político de Antonio Salazar.

O outro projeto a que o secretário diz se entusiasmar é a provável patriotada “Povo Heroico”, que explorará “verdadeiros líderes, respeitados intelectuais e grandes heróis nacionais”, conforme a descrição que acompanha o vídeo de anúncio no perfil oficial @SecomVc.

Ao fazer o anúncio da série, no início de setembro, Frias citou os soldados veteranos do Exército brasileiro que atuaram na Segunda Guerra Mundial e classificou o nazismo como “maior mal do mundo”, ao lado do comunismo. “Depois, lembraremos os Pracinhas que combateram a tirania do nazismo (maior mal do mundo moderno, ao lado do comunismo)”, continua.

Na sua “comemoração”, o secretário afirma que vive apenas “o começo da jornada, mas bastante animador e promissor”, mas não apresenta efetivamente nenhum projeto. Ao contrário, afirma que seu “grande desafio é enxugar a máquina federal da Cultura, melhorar todos os processos para dar maior agilidade, eficácia e não gastar com grandes estruturas físicas”.

As únicas respostas com relação ao tal “enxugamento da máquina” que o secretário deu efetivamente foram as contratações da dentista bolsonarista Edianne Paulo de Abreu como coordenadora-geral do Centro Técnico do Audiovisual (CTAv) e a do seu chefe, o secretário do Audiovisual, Bruno Graça Melo Côrtes, que é, conforme diz seu currículo, promotor de eventos.

O secretário se jacta também de, após seis meses de pandemia e penúria da classe artística, já ter entregue “R$ 1,7 bilhão dos R$ 3 bilhões previstos ao auxílio emergencial da Lei Aldir Blanc, destinados aos trabalhadores da cultura”. De acordo com matéria publicada na coluna de Mônica Bergamo, no entanto, no dia 9 de setembro, haviam sido repassados até então apenas R$ 341,3 milhões.

Ao fim e ao cabo, é relevante notar que, após cem dias à frente do antigo MinC, que foi reduzido pelo atual governo a uma secretaria do ministério do Turismo, o secretário não tem nada de relevante ou significativo a apresentar. A não ser um discurso anticomunista extemporâneo, permeado por um nacionalista típico de governos fascistas.

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