POR ALFREDO DA MOTA MENEZES
Informação recente mostrou que os índios Parecis no estado estão comprando máquinas agrícolas para a agricultura que praticam em parte de suas terras. Máquinas sofisticadas em tecnologia e que pode chegar o preço a quatro milhões de reais. Saíram da foice e do machado para essa tecnologia nova e eficiente no plantio e na colheita.
Para tocarem essas máquinas foram aprender em outros lugares, estão agora aptos para trabalhar com elas em sua terra. Equiparam-se ao produtor rural no estado. O assunto está se espalhando e os índios Xavantes do estado também caminham para uso de máquinas com tecnologia avançada.
Indígenas não andavam por caminhos como este antes. Entidades, como Funai, não queriam que indígenas usassem suas terras para plantio. Que deviam usá-las para sua tradição cultural.
Os índios, ali e em outros lugares do estado e do país, tendo quantidades enormes de terras para explorar, precisavam de assistência de governos para se manter. A coisa está mudando, até que enfim.
Como exemplo, os Parecis tem 1.3 milhões de hectares, queriam explorar um mínimo disso e não havia boa vontade de entidades que trabalham com os silvícolas. Hoje os Parecis usam uma nesga de sua terra, 19 mil hectares, para agricultura.
Antes trabalhavam como empregados em fazendas da região mesmo tendo aquela quantidade enorme de terras para uso agrícola e também manter suas tradições culturais. Não vão usar toda a terra para a agricultura, fica um número gigante de hectares para práticas ancestrais e da cultura deles.
Hoje, no caso dos Perecis, estão ganhando dinheiro, vivendo melhor e não vão necessitar de cesta básica ou medicamentos distribuídos por entidades públicas ou privados.
O que tem de errado nisso? Se o índio é aculturado, fala português, vive a vida quase idêntica do não indígena, por que não poder usar um pedaço pequeno da terra que possuem para serem independentes e até ricos com seus ganhos e trabalhos?
Estudos mostram que no Brasil se tem mais de 800 mil indígenas e que algo como 500 mil mora em suas terras. Que possuem, em conjunto, mais de 100 milhões de hectares, maioria de terra agricultável. Em Mato Grosso os índios possuem quase 20 milhões de hectares.
A expectativa de vida do não índio no Brasil é de 76 anos, entre os indígenas isso cai para 63 anos. A desnutrição infantil é uma praga entre índios e a morte está bem ali na dobra da esquina. O número de morte de crianças entre os índios é muito maior do que entre os não índios.
Com tudo isso, mais uma vez, por que não explorarem suas terras? Se não tem condições de explorar ainda porque não estão estagio dos Parecis ou Xavantes, por que não permitir que ele s arrendem um pequeno pedaço delas para ter dinheiro para seu próprio sustento?
Neste caso a presença da Funai seria muito útil para ajudar que esses índios não sejam enganados. Quer mais? Por que os índios não podem usar suas terras para o chamado turismo indígena e ganhar dinheiro com isso também? Ou usar uma parte pequena da terra para agricultura e a outra maior para o turismo?.
Alfredo da Mota Menezes é professor, escritor e analista político
E-mail: pox@terra.com.br
FONTE: https://odocumento.com.br/