A MILITÂNCIA SOLITÁRIA EM MATO GROSSO

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Jalme Santana de Figueiredo Junior

 Movimentações políticos e compromissos partidários ganham contornos diferenciados e interessantes, em Mato Grosso. Os projetos apresentados pelas lideranças dos holofotes (políticos em exercício de mandatos), alianças costuradas e desfeitas (nos bastidores), intenções e pretensões diversas e misteriosas – caracterizam a mística envolta da atuação política partidária em todo o Estado.

 Novas e antigas lideranças se movimentam enquanto ações contraditórias de políticas tradicionais e vanguardistas. Se colocam diante do enfrentamento de uma das maiores pandemias ocorridas na história recente da humanidade. Projetos de exercício de poder são postos pouco a pouco. Carregam ao mesmo tempo traços Clássicos e Modernos, se dizem novíssimos, mas estão enraizados em perspectivas antigas, mas a inovação é assim mesmo – ocorre, na medida que supera por incorporação a realidade histórica atual. Como dizia o saudoso Cazuza “Vejo um museu de grandes novidades…” certo é, que o tempo não para.

 Inspirados pelas reflexões de Eric Hobsbawn – nota-se nos bastidores, que militantes e lideranças partidárias disputam ideias de condução do espectro político em Mato Grosso. Os Clássicos, comparam amarrações políticas com a montagem de equipes de Futebol – técnico seleciona os melhores jogadores, mas a vitória só acontece se fazem o gol. Outros, mais vanguardistas, assemelham política à Fórmula 1: o piloto precisa de uma equipe e um carro de qualidade, caso contrário o podium vitorioso se distancia. Ambas as metáforas servem para compreender as complexas organizações políticas e partidárias estaduais.

 É nesse terreno fértil que se encontra o militante solitário – possui sabedoria, que crises são inerentes ao movimento do capitalismo e mobilizam setores e/ou categorias produtivas – agricultura, mineração, indústria, comércio e funcionalismo público que ganham centralidade em um Estado que possui vontade para o Desenvolvimento. Mais que ideologias extremistas, o que norteia composições políticas estaduais são os direcionamentos dos setores produtivos. Seja por reflexão acadêmica científica ou experiência de causa, quem conhece sabe – em Mato Grosso, pressa provoca decisões equivocadas – ensinamentos do bom e velho povo pantaneiro.

 No momento de projeção e pensamento de futuro, cabe apelar aos militantes solitários, que em suas atuações silenciosas mobilizem suas bases em torno da defesa de um projeto de Estado que valorize a Democracia e Diversidade, que protejam os biomas (Cerrado, Pantanal e Amazônia), defendam os recursos hídricos (rios, lagos, aquíferos, etc) e colaborem na geração e valorização de empregos públicos e privados – com salários dignos e planos de carreira justos. Sem esse compromisso, pouco avançaremos na redução da desigualdade de acesso a riqueza – um dos grandes problemas do Capital no século XXI, conforme apontado brilhantemente por Thomas Piketty.

 Entendendo a tarefa do militante solitário, resguarda-se às lideranças dos holofotes estabelecer redes de aproximação e diálogo, desenvolver meios de escuta consciente e exercício democrático com vocação à participação coletiva. É uma via de mão dupla, que incita capacidades de lideranças humildes e comprometidas com respeito ao próximo (mesmo quando ele está em distanciamento). Várzea Grande-MT 01 de Junho de 2021

Mestre em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Professor de Geografia da Educação Básica do Estado de Mato Grosso, lotado na E.E. Fernando Leite de Campos em Várzea Grande, coordenador do grupo de Estudo Geografia, Política e Sociedade (GPS) e Vice-presidente da Fundação LB-AP de Mato Grosso – Instagran @profjalmejr