O movimento HeForShe e o Laço Branco, símbolo da campanha “Eles por Elas”, representam esse compromisso. Criado pela ONU em 2014, o HeForShe tem inspirado homens no mundo inteiro a se tornarem aliados na promoção dos direitos das mulheres. É muito significativo ver que essa iniciativa ganhou espaço dentro do Congresso brasileiro.
A Procuradoria da Mulher da Câmara dos Deputados aderiu ao movimento e reforçou que o enfrentamento à violência exige união e corresponsabilidade. Entre as ações anunciadas está a priorização da tramitação de projetos de lei apresentados por deputados homens, que tragam benefícios concretos às mulheres, um gesto que demonstra que a defesa da equidade não é uma pauta exclusiva das parlamentares, mas de todos os que desejam uma sociedade mais justa.
Outra iniciativa importante é o incentivo à criação de Procuradorias da Mulher nas Câmaras Municipais por vereadores homens, especialmente nos municípios onde não há vereadoras. A intenção é ampliar a capilaridade do debate e garantir que mais homens se tornem vozes ativas na proteção e promoção dos direitos das mulheres.
Paralelamente, tenho atuado pessoalmente para fortalecer a conscientização das vítimas sobre seus direitos, e agora busco expandir esse diálogo também para os homens, afinal, a maior parte dos casos de violência é cometida por eles.
Essa reflexão tem raízes históricas. Muitos homens foram fundamentais na luta pelos direitos femininos. Em 1869, o filósofo inglês John Stuart Mill publicou o livro “A Sujeição das Mulheres”, no qual defendia que a discriminação contra as mulheres não tinha nenhuma justificativa racional.
Mill afirmava que a diferença de força física havia sido transformada em domínio social e jurídico e que esse modelo já não se sustentava diante do avanço da sociedade. A obra foi republicada pela Livraria da Câmara e está disponível gratuitamente para download (https://livraria.camara.leg.br/produto/a-sujeicao-das-mulheres/?cb=1764620608539%27).
Como mulher, militar e representante de Mato Grosso, aprendi que coragem não é apenas enfrentar adversários. Coragem também significa olhar para dentro, rever atitudes, educar nossos filhos e construir relações baseadas no respeito. É escolher não se omitir.
Faço um convite aos homens: vistam o laço branco com convicção e responsabilidade. Observem seus comportamentos, suas palavras e a forma como interagem com as mulheres ao seu redor. Sejam presença, respeito e proteção.
Nós, mulheres, seguiremos firmes. Mas precisamos que os homens caminhem ao nosso lado. A transformação começa com escolhas cotidianas. E a mais importante delas é a decisão de não se calar.
Coronel Fernanda é deputada federal por Mato Grosso.
FONTE: https://odocumento.com.br/









